Mulheres que pensam por elas mesmas e fogem às normas estipuladas costumam dar trabalho. O mundo paternalista, regulado, ao longo dos séculos, pelos homens vive a mudança em pequenos passos, mesmo assim, essa variação não acontece de igual forma entre países.
A série Rita, produção dinamarquesa criada por Christian Torpe, retrata a vida de uma professora primária que tem como foco principal mudar - para melhor - o estado da escola onde lecciona. Independente e assertiva, os alunos com maior défice e com carências são o seu foco, e mesmo que tentar mudar o que lhe parece errado implique sofrer retaliações por parte de colegas com cargos superiores ou políticos da freguesia onde vive, Rita não vende o seu carácter, nem muda a sua conduta pelas pressões que sofre, porque o que as escolas precisam são tomates (biológicos ou não) e muita sensibilidade pragmática. Esses, os tomates, são as mulheres que os trazem, e, da Escandinávia, não se poderia esperar outra coisa. Mesmo imperfeita, a sociedade dinamarquesa olha para o sujeito como indivíduo que vive no seu pequeno mundo; nessa perspectiva, tenta respeitá-lo, não obstante as suas vicissitudes e limitações. No plano afectivo, Rita tem problemas em assumir compromissos mais sérios colocando-se sempre na defensiva e assumindo o papel de domínio sobre os homens com quem acasala.
A série de comédia dramática tem um elenco rico com personagens bem desenvolvidas. De pais de alunos a professores, todo o elenco gira à volta da personagem principal.
Uma série que conta com cinco temporadas.
Sugestão: assistir após um dia de trabalho para relaxar.
Texto: Priscilla Fontoura