Este é o produto de um homem
com uma visão. Uma que não é necessariamente convencional ou facilmente
assimilada.
Após o lançamento do tão
aclamado pela crítica (e com merecimento) The disaster Artist, protagonizado e
realizado por James Franco, pensei imediatamente neste filme que vi há uns anos
atrás. “Fateful Findings” – realizado, financiado e interpretado por um só
homem, Neil Breen. É um one-man-show delirante, confuso e extremamente
hilariante.
Amar cinema não convencional,
assim como amar alguém, exige sempre alguma dedicação, respeito, admiração e
paixão, é por isso que aconselho também o livro “The Disaster Artist” no qual
James Franco se baseou para este filme de 2017. O livro foi escrito por Greg
Sestero e relata como foi fazer o clássico e carismático “The Room” (2003) de
Tommy Wiseau. O livro também ilustra como a amizade entre Tommy e Greg começou
e desenvolveu até fazerem o filme juntos.
Em “Fateful Findings” Neil
Breen interpreta o melhor hacker do mundo que infiltra uma organização mundial
para descobrir todos os seus segredos e dessa forma, salvar o mundo, ao mesmo
tempo que tem flashbacks da sua infância e a dada altura é … (no more
spoilers). É ver para crer.
Lembro-me que vi este filme
depois de ter sido abordada por duas senhoras Testemunhas de Jeová que me
fizeram algumas perguntas e uma delas, a clássica, suponho, era se acreditava
em Deus, eu respondi que sim, que acreditava, depois falaram de como o homem
maltratava o planeta terra e de como temos de tratar melhor a natureza.
Concordei e não pensei mais nisso. Ao chegar a casa, tinha este filme na minha
checklist depois de ter feito mais uma investigação e decidi vê-lo. Quando
terminou, recordei o que as duas senhoras me tinham dito e ocorreu-me que cada
ser humano tem uma visão e uma determinada paixão ou dom e o mais importante é
agir em conformidade com essas duas coisas, mesmo que não se obtenha
reconhecimento ou fama, foi o que Neil Breen fez, tinha uma visão, fez um filme
e só o posso aplaudir por isso.
Presumo que o objectivo de
Neil Breen tenha sido fazer um bom filme, ou o que é considerado um bom filme
mas acabou por criar um filme que ultrapassa as barreiras da dita narrativa
lógica e linear assim como quebra algumas regras técnicas de cinematografia.
Não é tão carismático ou com frases tão memoráveis como o “The Room” mas é uma
boa experiência para quem gosta de filmes deste género.
TEXTO: CLÁUDIA ZAFRE