Talvez o nome tenha sido improvisado à última da hora. São os Cosmic Messengers de Julius Gabriel mas parecem mais os Tropical Messengers.
Entram pela sala do Passos Manuel a bater chocalhos e mais chocalhos. E assim inicia-se o espectáculo dos sete. Sete o número da totalidade, da perfeição, da consciência, da intuição, da espiritualidade e da vontade. Julius Gabriel (saxofone e composição) junta-se a Hugo Ciríaco no saxofone, a João Mórtagua no saxofone, a Susana Santos Silva no trompete, a Filipe Teixeira no contrabaixo, a José Marrucho na bateria e a Pedro Melo Alves na bateria. Ninguém fica pelo caminho. Todos os músicos têm traçado uma carreira distinta e têm levado o jazz nacional a bom porto.
Espera-se que o jazz seja a porta aberta para o improviso, mas há partituras espalhadas pelo palco que servem de guia para o grupo que acompanha Julius Gabriel. Além de saxofonista, apresenta-se como maestro quando gesticula as entradas e as saídas assim como a intensidade de cada instrumento. A ligação entre todos é evidente. Há espaço para o individual dentro do colectivo. Todos brilham no mesmo caminho. "Avocado" inicia-se em estilo fanfarra sempre com a mesma base rítmica com pequenas variantes, remetendo-nos para os trópicos, passando também pelo ambiente mais tradicional do jazz. Há duas baterias com linguagens diferentes, enquanto uma dispersa pelos lados mais tribais a outra evidencia o lugar mais clássico do jazz. Se a escola precisa dos livros, o Porto precisa de eventos como este para nos fazer sentir renovados. Felizmente hoje vemos uma geração mais nova a trazer outras cores ao jazz e às suas diversas fusões. A maneira despretensiosa e relaxada dos Messengers conseguiu provocar um sorriso e um sentido de pertença neste universo musical.
Ouçamos o estalar dos dedos de Julius Gabriel... and 1 and 2 and 1, 2, 3...
TEXTO / TEXT: PRISCILLA FONTOURA
- TRANSLATION -
Maybe the name was improvised at the last minute. They are the Cosmic Messengers of Julius Gabriel but they look more like the Tropical Messengers.
They enter the room Passos Manuel beating on rattles and more ratttles. And that's how the show got started, the show of the seven. Seven, the number of totality, perfection, consciouness, intuition, spirituality and will. Julius Gabriel (saxophone and composition) joins Hugo Ciríaco on the saxophone, João Mórtagua on the saxophone, Susana Santos Silva on the trumpet, Filipe Teixeira on the doublebass, José Marrucho on drums and Pedro Melo Alves also on drums. No one is left behind. Every one of these musicians leads a distinct career and has taken portuguese Jazz on to the next level.
Normally, Jazz is expected to be an open door for improvisation, however there are music sheets spread all over the stage and that are read by the musicians. Song sheets that were written by Julius Gabriel. Besides playing saxophone, Julius Gabriel presents himself as a conductor and he gestures the entrances and exits of each and every musical instrument and their intensity. The connection between all the musicians is evident but there is space for the individual within the collective. All the musicians shine following the same path. "Avocado" begins in a fanfare style following a rhythmical base with small variations, that transport us to the tropics but we also pass through ambiances of more traditional jazz. There are two drums with different languages, while one of them gets lost on the tribal rhythms, the other shows us a more classical kind of jazz. If school needs books, Porto needs shows like these to make us feel renewed. Fortunately, today we see a younger generation bringing color to jazz and to its different kind of fusions. The relaxed and without pretense kind of way of the Messengers managed to cause a smile and a sense of belonging in this musical universe.
Let's hear Julius Gabriel's snapping of fingers... and 1 and 2 and 1,2,3...
IMAGEM / IMAGE: SP
TRADUÇÃO / TRANSLATION: CLÁUDIA ZAFRE
LOCAL / VENUE: PASSOS MANUEL, PORTO
DATA / DATE: 14 de Abril, 2018