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LCD Soundsystem: Call the Police, Murphy’s Gang’s back


Este foi um daqueles concertos inesquecíveis. No Coliseu de Lisboa, a “sweat box” como lhe chamou James Murphy, os LCD Soundsystem brindaram-nos com quase 3 horas de música de grande nível. Neste último concerto da digressão e o terceiro consecutivo no Coliseu, os LCD percorreram todo o seu registo discográfico. Foram mais de 20 os temas tocados (contei 22 mas posso ter falhado) e em todos eles a entrega dos oito músicos em palco foi inexcedível. Desde o arranque em força com “Losing my Edge”, até ao final apoteótico com “All my Friends”, foi sempre um concerto em alta rotação que incendiou a sala lisboeta logo desde a poderosa entrada. Deflagrou e assim ficou, imparável. Alguma acalmia em alguns momentos como “American Dream”, “You wanted a Hit”, “New York I love you but you’re bringing me down”, ou “Oh Baby”, mas até mesmo aí a adesão do público manteve as chamas acesas. Depois, depois o resto é história para quem esteve presente. Um “Emotional Haircut” com “Tribulations”, “Call the Police”, “Daft Punk is playing in my House”, “Movement”, “Yeah”, “All my friends”….. qual eleger? Canções todas diferentes, todas brilhantes, tocadas com uma entrega difícil de superar. Pensava que depois de Cave no Primavera Sound Porto 2018 não veria um melhor concerto este ano. Enganei-me. Que diferença para o concerto anterior dos LCD a que tinha assistido no Alive de 2010. Um concerto em que James Murphy estava como que desinteressado da coisa, ali no limite de quem estava a fazer um frete e que terminou quase como que abruptamente com o tema “Yeah”, quando finalmente estava a aquecer. Confesso que fiquei um pouco desiludido com os LCD e afastei-me enquanto fã. Poucos meses depois chegava o anúncio de que a banda de Brooklyn tinha terminado e talvez tivesse sido essa uma das razões para o desempenho. O excelente disco “American Dream” do ano passado fez-me reconsiderar a opinião e este fabuloso concerto trouxe-me de volta. Agora que me encontro na situação de rescaldo posso gritar: Call the Police, Murphy’s Gang’s back


- TRANSLATION - 


This was one of those unforgettable concerts. In Coliseu de Lisboa, a “sweat box” like James Murphy called it, LCD Soundsystem played almost 3 hours of high-quality music. In this last concert of the tour and the third consecutive concert in Coliseu, LCD played songs from their entire discography. More than 20 songs (I counted 22 but I may be wrong) and in all of them the delivery of the eight musicians was sovereign. The concert began in full force with “Losing my Edge” and ended in apotheosis with “All my Friends”, it was a powerful concert that set the Coliseu de Lisboa on fire right at the beginning. The fire spread and remained unstoppable. There was some calm in moments like “American Dream”, “You wanted a Hit”, “New York I love you but you’re bringing me down”, or “Oh Baby” but even during those songs the public’s acceptance kept the flames alive. Then, then the rest is legendary for those that were in the concert. “Emotional haircut”, with “Tribulations”, “Call the police”, “Daft Punk is playing in my house”, “Movement”, “Yeah”, “All my friends”…which one to choose? Each of the songs being unique, brilliant, played with a perfect execution. I thought that after seeing Cave at the Primavera Sound Porto 2018 I wouldn’t watch a better concert. I was wrong. There was a huge difference between LCD’S last concert in Alive 2010 and this one. In the Alive concert, James Murphy appeared to be aloof from the entire concert that ended almost abruptly with the song “Yeah”, at the moment where things were starting to get heated. I confess that I was disappointed by the band and lost some interest. A few months later there was news that the Brooklyn band had disbanded and maybe that was one of the reasons for their weak performance at the concert. The excelent record “American Dream” released last year made me reconsider my opinion and this wonderful concert brought me back as a fan. Now that I’m still at the aftermath of the concert I can scream : “Call the police, Murphy’s gang’s back”.

TEXTO: JOSÉ MARQUES
IMAGEM: JOSÉ MARQUES
TRADUÇÃO | TRANSLATION: CLÁUDIA ZAFRE
LOCAL: Coliseu dos Recreios, Lisboa
DATA: 21 de Junho, 2018