Harry Nilsson nasceu em 1941 em Nova Iorque nos EUA. Foi em 1967 que se estreou com o disco PANDEMONIUM SHADOW SHOW que arranca com o brilhante tema TEN LITTLE INDIANS que pisca o olho a música de circo para depois prosseguir no resto dos temas com uma tendência demarcada de pop orquestral. O disco é conceptual e centra-se no universo circense. Nilsson demonstra uma grande capacidade para fazer boas músicas pop que contam com arranjos de instrumentos de sopro e algumas atmosferas mais inusitadas. O seu trabalho ficou um pouco mais conhecido por ser um músico bastante admirado pelos Beatles que sempre prezaram a sua música. Admiração essa que era totalmente recíproca pois Nilsson era fã dos Beatles.
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Um dos seus discos mais icónicos foi talvez AERIAL BALLET gravado em 1968 que continua no seu registo de pop tipicamente dos anos 60 com alguns toques psicadélicos, jazzísticos e de cariz soalheiro. Há bastantes temas marcantes para descobrir ou redescobrir no disco, tais como Don’t leave me, Together e, claro, a versão de Everybody’s talking. A mítica canção composta por Fred Neil, interpretada por Nilsson uns anos mais tarde e que alcançou bastante sucesso, especialmente por ser o tema de abertura do filme Midnight Cowboy de 1969 com Dustin Hoffman e Jon Voight.
Este documentário realizado por John Scheinfeld começa exactamente com uma referência ao filme Midnight Cowboy e à música que o ajudou a imortalizar. Há entrevistas em que algumas personalidades do cinema e música falam de Nilsson, da sua personalidade, voz, talento e aventuras boémias (especialmente as titânicas com John Lennon). Temos acesso a fotografias de arquivo narradas com música de Nilsson. A sua infância minada pela pobreza extrema e o facto de ter sido educado por uma mãe com os seus problemas, mas bastante lutadora. Característica que sempre caracterizou o músico que aos 15 anos se viu obrigado a sair de casa porque a família não o podia sustentar. Fez-se então literalmente “à estrada”. Uma odisseia que está presente em algumas das suas canções. “And the open road was the only road he knew.”
É o retrato interessante de um “self-made man and musician” que apesar de ter feito vários trabalhos nada relacionados com a música, sempre arranjou tempo para compor as suas canções.
O documentário define bem quem foi este músico altamente talentoso que coloriu a cena do pop americano dos anos 60 e que sempre “jogou numa liga só dele” tanto pela sua voz única como pelo talento composicional e sensibilidade para a melodia.
Nilsson faleceu em 1994 na Califórnia e este documentário é a prova de que há razões para se continuar a falar do seu legado.
TEXTO: CLÁUDIA ZAFRE
IMAGENS: Frames do Documentário "Who is Harry Nilsson and Why is everybody talkin' about him?"
Vídeo: Cenas iniciais de Midnight Cowboy realizado por JohnSchlesinger