XTC foi uma banda formada no ano de 1972 em Swindon, Inglaterra. Foram um dos nomes mais importantes da vaga do New Wave, incorporando na sua música elementos de pop-rock, post-punk e uma abordagem musical sofisticada que lhes obteve a divisa do chamado Art-Pop. Um sub-género da pop demarcadamente intelectual e que ganha inspiração em outras formas de arte, como o cinema, a literatura e certos movimentos artísticos das artes plásticas.
Durante a sua carreira bastante activa gravaram vários discos de estúdio, sendo que os mais marcantes foram DRUMS AND WIRES (1979), BLACK SEA (1980), ENGLISH SETTLEMENT (1982), SKYLARKING (1986) e os curiosos volumes de APPLE VENUS (1991) contam com um belíssimo art-work. Para além dos discos de estúdio de grande nível, XTC alcançaram alguma popularidade junto da indústria musical mainstream por causa de alguns singles como “Dear God”, “The ballad of Peter Pumpking head” (que recebeu mais revivalismo com uma versão feita pela banda Crash Test Dummies), “Science Friction”, “Making plans for Nigel” (que também contou com uma versão feita pelos Primus) e “Statue of Liberty”. Para quem ainda não conhece bem a banda, e quer mergulhar pela primeira vez no som de XTC, com uma introdução completa e fiel, aconselha-se a compilação editada em 1996 e intitulada FOSSIL FUEL: THE XTC SINGLES 1977-1992.
Este documentário, ou melhor rockumentary, realizado por Roger Penny e Charlie Thomas, começa imediatamente com uma entrevista a Andy Partridge que afirma que XTC nunca quis ser uma banda de rock, nunca se consideraram rock stars, e que o seu intuito era fazer uma forma exploratória de pop. Cedo se afirma que esta banda nunca quis viver pelo mote de “sex, drugs and rock ‘n’ roll”. É dada uma apresentação curta da infância de Alan Partridge, o seu gosto por desenhar e pintar, assim como a sua devoção a comic books americanas e ficção-científica. Apesar (de acordo com o que é dito no documentário) de Swindon não ser uma localidade levada muito a sério, especialmente em termos musicais, XTC com as suas raízes de punk setentista britânico conseguiu criar um estilo bastante próprio de música enérgica, melódica, pouco convencional e com uma sonoridade única que cedo começou a atrair outros músicos, tais como alguns membros da banda THE POLICE, assim como John Peel que depois de ouvir uma cassete da banda decidiu incluí-los no seu programa, sendo a estreia da banda na rádio.
O documentário também contém entrevistas a alguns músicos que têm afinado com a música dos XTC, um deles é Steven Wilson (Porcupine Tree). Essas entrevistas foram filmadas a bordo de um comboio, o que se torna cinematograficamente divertido e original.
O elemento do comboio é simbolicamente importante no documentário porque há várias filmagens de comboios brinquedo (modelos), assim como toy figurines dos elementos da banda. Esses excertos são imiscuídos ao longo do documentário e traçam a viagem da banda desde o seu começo em Swindon até outros palcos e localidades. O documentário contém também excertos de performances ao vivo, fotografias de arquivo antigas promocionais da banda e alguns telediscos.
É um documentário que apresenta de forma competente o trajecto de uma banda que sempre insistiu em criar o seu próprio som e nisso, foram incrivelmente bem-sucedidos, evitando clichês e desenvolvendo cada vez mais a sua identidade única.
TEXTO: CLÁUDIA ZAFRE
IMAGENS: Frames do filme-documentário "XTC: This is Pop"