Creature from the Black Lagoon é um filme
realizado por Jack Arnold e um dos melhores exemplos de monster movies dos anos
50. Neste filme, o monstro, apesar de fisicamente não ser muito atraente (se bem
que aquelas guelras são interessantes), consegue criar alguma empatia com o
espectador e quase entendemos a sua angústia, porque na realidade ele só quer
ser amado e bem amado pela personagem feminina do filme interpretada por Julia
Adams. É fácil empatizar com a criatura da lagoa negra porque o suposto herói
do filme é um humano com uma caracterização psicológica um pouco precária.
Apesar do crédito principal da banda sonora pertencer a Hans Salter, outros
compositores participaram na banda sonora deste filme de série-B elevado a
estatuto de culto, como Henry Mancini e Herman Stein.
A banda sonora principalmente orquestral e
com a assinatura da época providencia um bom retrato emocional da criatura da
lagoa, assim como a ameaça que representa para os humanos que o tentam matar
depois da criatura se ter enamorado de uma humana que, aparentemente, quer só
para ele. É uma banda sonora recheada de instrumentos de corda, sopro, muito
tensa e dramática. Especialmente adequada para um monster movie que elevou um
pouco a fasquia do género.
Um dos filmes mais populares e
reconhecidos mundialmente pela figura icónica do seu vilão de serviço,
Leatherhead, é também alvo de um franchise bem-sucedido e bastante extenso. No
entanto, a banda sonora para este clássico de terror nunca teve um lançamento
oficial e há apenas bootlegs e material não oficial disponível.
Este filme realizado por Tobe Hooper é um
dos slashers mais influentes feitos na década de 70 e que prova que por vezes
um baixo orçamento não implica que o filme seja fraco ou de pouca influência
para o futuro. Leatherhead é um dos vilões mais enigmáticos e assustadores da
história do cinema mundial fazendo com que a motosserra ganhasse um significado
para lá de perturbante.
A banda sonora para o filme é composta por
sons com alguma distorção, músicas country que passam na rádio, os invariáveis
sons da motosserra em acção imiscuídos com os essenciais gritos femininos e
numerosos efeitos e distorções sonoras que podiam figurar num disco de noise
japonês. Uma banda sonora ideal para um jantar em família.
Há quem beba café para ter mais rendimento
no trabalho, por puro prazer, por questões de convívio ou para escapar do
Freddy Krueger. Este filme realizado por Wes Craven em 1984 introduz um vilão
bem-conhecido pelo público com a sua cara arrasada por queimaduras, a sua
camisola às riscas vermelhas e pretas, o chapéu preto e as suas unhas que
fariam o próprio Wolverine encolher as garras de adamatium por puro respeito.
Wes Craven, responsável por outros filmes de terror igualmente icónicos,
conseguiu criar um slasher com elementos sobrenaturais que apelou aos teenagers
da altura e que hoje em dia continua a manter o seu encanto. Freddy Krueger
interpretado por Robert Englund é um produto dos nossos piores pesadelos, emoções
reprimidas e traumas. Ataca-nos no único local onde nos podemos sentir seguros,
nos sonhos que facilmente se tornam pesadelos com a sua presença.
A banda sonora composta por Charles
Bernstein soube aproveitar-se do carácter aterrador de Freddy e com o uso de
sintetizadores, batidas misteriosas e outros efeitos sonoros consegue criar um
retrato do vilão que ataca nos sonhos quando as suas vítimas mais estão
desprotegidas. É uma banda sonora que consegue recriar a ameaça que Freddy
representa, ao mesmo tempo que traça linhas subtis entre o sonho e a realidade.
Invasion of the Body Snatchers realizado
por Philip Kaufman é um dos melhores filmes da sua época a fundir
ficção-cientifica, terror psicológico e body horror. Este filme é bastante
diferente do filme original dos anos 50, na medida em que a componente
alegórica social é mais forte e o final do filme nos deixa num estado de alguma
fragilidade e ansiedade. O filme retrata uma invasão alienígena sem recorrer a
ovni’s, pequenos homens verdes ou cinzentos e efeitos especiais exagerados. O
terror é essencialmente interior e psicológico.
A banda sonora composta por Denny Zeitlin
transmite na perfeição esse estado de ansiedade e de terror ao nos vermos
invadidos por forças exteriores e mais fortes que a nossa consciência humana.
Há um carácter de ameaça iminente que se
sente na banda sonora e que é análoga ao que se passa no filme porque a invasão
alienígena é bastante rápida. Mas também há espaço para momentos mais relaxados
como em Love Theme que é reminiscente de soft jazz e que contrasta com o resto
da banda sonora.
Denny Zeitlin era um músico de jazz e é
normal que haja influência de jazz no meio da score aterrorizante e ansiosa.
Infelizmente, esta foi a única banda sonora composta por Denny Zeitlin, mas é
uma que entra para a lista das mais influentes e que mais complementam e
preenchem um filme.
Ring realizado por Hideo Nakata em 1998 é
um dos filmes mais influentes de terror japonês que teve direito a sequela e
remake. A ideia por trás da narrativa é bastante original e foi uma das razões
pelas quais o filme obteve tanta popularidade e aceitação por parte do público.
O filme é baseado no romance de Koji Suzuki e a transposição para tela foi
bastante bem conseguida. Assim como outros filmes de terror japonês há um
grande cuidado na criação de atmosfera perturbante que causa alguma ansiedade e
não tanto no uso desmesurado de gore.
A banda sonora reflecte a ameaça que Sadako
representa para todos os que assistem à cassete amaldiçoada. A sua sede de
vingança mistura-se com a melancolia em que foi educada e a angústia que sofreu
ao ter sido aprisionada no poço. Há o uso de sintetizadores, batidas melódicas, mas claustrofóbicas e instrumentos de cordas que embelezam e enriquecem a
atmosfera musical. É um disco que pode ser ouvido independentemente do filme
porque é um trabalho rico, criativo, cheio de mistério e beleza.
A Tale of Two Sisters é um filme escrito e
realizado por Kim Jee-Woon e um dos melhores exemplos de terror coreano
atmosférico com uma grande vertente de thriller psicológico. É uma história
melancólica e com o seu quê de trágico que retrata duas irmãs que saem de um
hospital psiquiátrico depois de sofrerem o trauma da perda da mãe e que ao
voltar a casa se deparam com uma madrasta que não é a melhor das pessoas. É um
filme enigmático, de ritmo lento, com uma atmosfera perturbante e esteticamente
bonito.
A banda sonora é também repleta de beleza
com secções de piano, instrumentos de sopro, flautas e cordas. Frozen in Time é
capaz de ser uma das mais belas composições alguma vez feitas para filme. É um
disco que se ouve do princípio ao fim e que evoca as imagens belas, mas
melancólicas do filme. Uma das mais belas bandas sonoras da contemporaneidade.
The Omen realizado por Richard Donner é um
dos filmes de terror mais influentes da época e que continua a aterrorizar na
contemporaneidade. Foi um dos primeiros filmes a utilizar uma criança como
vilão e a utilizar motivos religiosos de forma ponderada e inteligente. A
representação do elenco é fantástica, especialmente a de Gregory Peck. Com o
patamar de qualidade tão elevada é natural que a banda sonora também estivesse
ao nível e foi com ela que Jerry Goldsmith ganhou um óscar francamente
merecido. A banda sonora ilustra o suspense, tensão e ameaça que se sente no
filme. Assim como no filme, a banda sonora também usa coros e temas religiosos
que acentuam o carácter perturbante da obra fílmica. A única excepção e tema que
destoa um pouco é o tema mais romântico intitulado “The New Ambassador”. É uma
banda sonora essencial para um filme igualmente essencial e que representa
bastante bem a época da golden age das bandas sonoras. Jerry Goldsmith foi
também compositor de outras obras da sétima arte igualmente influentes como
Chinatown (1974), Papillon (1973), Patton (1970), Planet of the Apes (1968) e a
Patch of Blue (1965) entre muitas outras, sendo um dos compositores de
bandas sonoras mais prolíficos.
Nosferatu the Vampyre é um filme realizado
pelo multifacetado Werner Herzog que tem elementos de algum surrealismo,
mistério e terror gótico. Nosferatu é magistralmente interpretado por Klaus
Kinski numa caracterização memorável e que oferece ao filme um carácter de
ainda mais encanto. Faz-nos sentir como se estivéssemos num pesadelo que apesar
de aterrador tem o seu quê de beleza e melancolia, tanto através das imagens
com uma cinematografia impecável como através da banda sonora composta pela
banda germânica Popol Vuh. As composições conseguem criar uma atmosfera
pacífica e etérea, mas na qual se pode sentir e vislumbrar uma ameaça. Há a
utilização de vários instrumentos de cordas como guitarra e cítara, assim como
instrumentos de sopro como oboé. Consegue criar uma atmosfera hipnotizante que
complementa a magia do filme.
(CONTINUA...)
TEXTO: CLÁUDIA ZAFRE
IMAGENS: Frames dos Filmes
(CONTINUA...)
TEXTO: CLÁUDIA ZAFRE
IMAGENS: Frames dos Filmes