terça-feira, 27 de novembro de 2018

Art of Persistence: Wire e Sweet Nico, no RCA




Foi num vinil, comprado há mais de 40 anos (The Roxy London WC2), que pela primeira vez ouvi os Wire. Esse disco, onde constam também bandas como os Buzzcocks, The Unwanted e Slaughter & The Dogs, espelhava um pouco do que era o ambiente musical punk em Inglaterra. Dezasseis álbuns e uma dúzia de EPs depois, o som dos Wire continua a resistir. Se a sonoridade punk e pós-punk foi sendo deixada para trás, o encantamento, esse, continua. Os Wire souberam renovar, evoluir e continuar a produzir bons discos. No regresso a Portugal dez anos depois, o quarteto inglês, constituído por Colin Newman, guitarra e voz, Graham Lewis, baixo e voz, Robert Grey, bateria (três dos quatro fundadores) e por Mattew Simms (na banda desde 2010), tocou desde temas mais antigos como Three girl Rhumba e Underwater experiences, até aos mais recentes Playing harp for the fishes e Short elevated period. Gostaria de ter ouvido Outdoor Miner, I am the Fly e Sonic Lenses, mas não se pode ter toda uma carreira de 40 anos revista num concerto de 90 minutos. Numa sala muito concorrida, onde predominavam os espectadores nascidos na década de 60, os Wire deram um grande concerto sem qualquer marca de revivalismo bacoco, demonstrando que cultivam de forma exemplar a Art of Persistence


A primeira parte foi assegurada por Sweet Nico, uma banda de Dream pop formada em Lisboa em 2015. David Francisco, guitarra e sintetizadores e Marisa Da Anunciação, voz e teclados, lançaram este ano o seu segundo disco (R EBORN) e em estúdio soaram-me melhor do que nesta aparição vivo. Sem arrebatarem, deram um concerto agradável onde no alinhamento incluíram uma cover de Fade into You dos Mazzy Star. São ainda uma formação recente e penso que irão (e deverão) evoluir em palco. Aguardemos.


TEXTO, IMAGEM, VÍDEOS: JOSÉ MARQUES
LOCAL: RCA, Lisboa
DATA: 24 de Novembro, 2018
CONCERTOS: Wire e Sweet Nico