Dublin é uma
cidade onde a música ao vivo reina. Da mais tradicional ao rock mais
alternativo, ela ecoa na rua e nos inúmeros e sempre apinhados Pubs espalhados
pela cidade. Foi a essa cidade alegre e vibrante que nos deslocámos para
assistir a dois bons concertos.
A dupla francesa constituída por Lionel e Marie Limiñana,
oriunda de Perpignan, tem em carteira seis álbuns de originais (um deles em
parceria com Pascal Comelade) e diversos 7” reunidos em duas colectâneas. Reconhecida inicialmente nos E.U.A, só agora começam a captar o interesse na Europa. Na sua
música o ecletismo predomina e nela se nota muitas influências (Gainsbourg,
Bashung, Velvet Underground, Nick Cave, New Order e mesmo alguma notas de
psicadelismo e de música experimental).
Ao vivo a dupla transforma-se
num septeto. Não foram apresentados os músicos, mas foi possível reconhecer Ivan Telefunken, Nika Leeflang, Mickey Malaga e Alban Barate. Concerto
envolvente e excitante que mereceu bem a deslocação a Dublin. No alinhamento só
falhou o sempre impressionante tema The train creep a-looping. Estava previsto
fechar o concerto, mas a inclusão de Russian Roulette, a pedido do público, deixou
o encerramento para uma fantástica versão de Gloria (Van Morrison). Um concerto
arrebatador que nos faz aguardar ansiosamente pelo próximo, esperando agora que
o mesmo ocorra em solo nacional.
A primeira parte do concerto de Balthazar esteve a cargo de Faces on Tv. Este
é um projecto do multi-instrumentista belga Jasper Maekelberg. Para além de uma
participação no mais recente trabalho dos Balthazar, Fever, desconhecia o seu
trabalho a solo e foi uma agradável surpresa. Empático e simpático, deu um
concerto de grande qualidade com uma entrega a cem por cento. Posteriormente
escutei o álbum Night funeral e confirmei que é um músico a seguir no futuro.
Balthazar é um grupo que sigo há já bastante tempo e aguardava
com expectativa vê-los ao vivo. Liderados por Jinte Deprez e Maarten Devoldere
(Warhaus, o seu projeto paralelo, é igualmente interessante). Deram um concerto
agradável, mas apenas isso. Esperava algo mais enérgico e comunicativo. Surpreendeu-me
um público bem conhecedor do seu trabalho, o que ajudou a aquecer um concerto que
se vinha revelando algo bipolar, alternando entre pontos de grande clímax e
outros de uma normalidade total. Esta não foi a primeira vez que tocaram em
Dublin e talvez daí venha a popularidade. A banda belga tem presença confirmada
na próxima edição do Festival de Paredes de Coura. Uma boa oportunidade para a
(re)ver, esperando agora algo mais tentador. Paredes de Coura é o lugar certo.
Texto: José Marques
Fotos/Vídeos: José Marques
Local: The Grand Social / Whelan's (Dublin - Irlanda)
Data: 8 e 9 de Fevereiro