A viagem induzida pelos Camera suga qual aspirador para os revivalismos dos '70 e '80. Vive-se o ambiente Stranger Things, o imaginário Carpenter, os sintetizadores Pink Floydianos, as explorações aeroespaciais e a atmosfera Neu!. À audiência foi devolvida a imagética de uma Berlim cheia de cabines telefónicas laranja, dos blusões com cores conjugadas aleatoriamente; esse lugar onde ainda reina a exploração de sons estranhos dos proto-sintetizadores. Michael Drummer é sem dúvida o catalisador que liga toda a paisagem sonora presente em Camera, há tanto repetição movida a batida motorik, quanto experimentação de ritmos. Toca de pé com o rosto focado no instrumento, esquecendo-se do resto. Não há bombo, há uma pandeireta que trabalha quase a full-time. Engane-se quem simplifica Camera a uma banda construída em repetições, há detalhes sonoros que se acendem e que são misturados com mestria e sensibilidade.
Sente-se sinceridade nesta banda alemã. Marimbam-se para vanglórias e, por isso, encontramos nos seus concertos guerrilha a demonstração mais pura de uma maneira de estar perante a vida. Quem os conhece, pode encontrá-los a tocar em estações de metro ou noutros lugares menos convencionais para concertos, não acreditam na fórmula mainstream obcecada pela fama ou pela glória, muito pelo contrário, são honestos com a música que criam. Se há momento para ser aproveitado são os concertos que dão, porque não esperam receber algo em troca. A democratização da música é feita de mano para mano, sem mediadores.
No final da viagem sónica, para quem esperou o momento para comprar vinis, sorriu, porque ao perguntar pelo preço ouviu de Timm Brockmann: "Caramba, estamos em Portugal, não estamos na Alemanha. Cada vinil custa 15 euros, se fosse na Alemanha custariam 20, natürlich!"
Numa sala bem composta para os ver, efeitos e mais efeitos (para lá dos decibéis recomendáveis) são introduzidos durante o concerto suportado nos detalhes sónicos dos sintetizadores e na bateria potente que provocou - nos mais expansivos - assobios e gritos de agrado.
No final da viagem sónica, para quem esperou o momento para comprar vinis, sorriu, porque ao perguntar pelo preço ouviu de Timm Brockmann: "Caramba, estamos em Portugal, não estamos na Alemanha. Cada vinil custa 15 euros, se fosse na Alemanha custariam 20, natürlich!"
Numa sala bem composta para os ver, efeitos e mais efeitos (para lá dos decibéis recomendáveis) são introduzidos durante o concerto suportado nos detalhes sónicos dos sintetizadores e na bateria potente que provocou - nos mais expansivos - assobios e gritos de agrado.
De volta a Portugal, depois dos concertos em palcos como Milhões de Festa, Tremor, Lisbon Pysch Fest, os alemães apresentaram Emotional Detox (2018), disco editado pela Bureau B. Passaram também pelos discos Phantom of Liberty (2016) e Radiate (2012). Numa altura em que tudo acontece, é necessária a desintoxicação para ignorar as múltiplas distracções.
- Mayday Mayday, os Camera comunicam com o planeta Terra.
- Planeta Terra à escuta.
Fotos/Vídeos: Paulo Nunes
Local: Maus Hábitos, Porto
Data: 13 de Março