Nos anos 80 a pergunta que se
colocava era “Who shot JR?”. Nos anos 90 passou a ser “Who Killed Laura Palmer?”.
E nos dias de hoje pode muito bem ser “Who drew the dicks?!”. Esta é a pergunta e
consequente mistério que se coloca mesmo no começo do primeiro episódio de
American Vandal, uma série criada por Dan Perrault e Tony Yacenda.
A série é engenhosamente
construída como se fosse metade mockumentary e metade documentário de
true-crime. No entanto, não se debate se X é culpado de um duplo homicídio ou
algo semelhante, mas sim quem andou a pintar com spray falos gigantes nos
carros do parque de estacionamento do liceu. Pois, é tudo passado num liceu e
apesar da polícia se juntar à festa para investigar o caso, os detectives mais
competentes são mesmo dois alunos que decidem fazer um documentário para descobrir
se o colega que está a ser acusado pela polícia e por praticamente todo o liceu
é o responsável pelo crime.
A história adensa-se e torna-se cada vez mais complexa após o primeiro episódio, assim como o desenvolvimento das personagens e as interacções entre elas. O mistério e o suspense conseguem manter-se ao longo dos 8 episódios da primeira temporada e lançar várias dúvidas sobre quem será o culpado do crime.
A segunda temporada segue a
mesma estética, mas o enredo é completamente diferente. Há também bastante
trabalho de investigação, entrevista a suspeitos e deduções e induções dignas
de um Sherlock Holmes mas é a mensagem final da temporada que dá mais do que
espaço para reflexão.
Uma série única e original que, além de combinar humor hilariante com drama, mistério e suspense, tece também
algumas críticas em relação à sociedade contemporânea ao mesmo tempo que dá "tábula rasa" para reflexão.
Texto: CLÁUDIA ZAFRE
Série: American Vandal
Imagens: Frames da série