quinta-feira, 18 de abril de 2019

Numa relação séria com a Netflix: American Vandal (2017)



Nos anos 80 a pergunta que se colocava era “Who shot JR?”. Nos anos 90 passou a ser “Who Killed Laura Palmer?”. E nos dias de hoje pode muito bem ser “Who drew the dicks?!. Esta é a pergunta e consequente mistério que se coloca mesmo no começo do primeiro episódio de American Vandal, uma série criada por Dan Perrault e Tony Yacenda.


A série é engenhosamente construída como se fosse metade mockumentary e metade documentário de true-crime. No entanto, não se debate se X é culpado de um duplo homicídio ou algo semelhante, mas sim quem andou a pintar com spray falos gigantes nos carros do parque de estacionamento do liceu. Pois, é tudo passado num liceu e apesar da polícia se juntar à festa para investigar o caso, os detectives mais competentes são mesmo dois alunos que decidem fazer um documentário para descobrir se o colega que está a ser acusado pela polícia e por praticamente todo o liceu é o responsável pelo crime.


A história adensa-se e torna-se cada vez mais complexa após o primeiro episódio, assim como o desenvolvimento das personagens e as interacções entre elas. O mistério e o suspense conseguem manter-se ao longo dos 8 episódios da primeira temporada e lançar várias dúvidas sobre quem será o culpado do crime.


A segunda temporada segue a mesma estética, mas o enredo é completamente diferente. Há também bastante trabalho de investigação, entrevista a suspeitos e deduções e induções dignas de um Sherlock Holmes mas é a mensagem final da temporada que dá mais do que espaço para reflexão.

Uma série única e original que, além de combinar humor hilariante com drama, mistério e suspense, tece também algumas críticas em relação à sociedade contemporânea ao mesmo tempo que dá "tábula rasa" para reflexão.

Texto: CLÁUDIA ZAFRE
Série: American Vandal   
Imagens: Frames da série