No Coliseu de Lisboa
quase esgotado, subiu ao palco a banda belga dEUS para tocar na íntegra “The
Ideal Crash”, o seu mais emblemático disco. Celebrando o 20º aniversário da
edição, os dez temas foram tocados na sequência original do registo
discográfico, abrindo com “Put the freaks up front” e terminando com “Dream
Sequence #1”. Pelo meio “Sister Dew”, “The Magic Hour”, “The Ideal Crash” e “Instant
Street”, temas incontornáveis na carreira do grupo. Para o encore ficaram
guardados “Quatre mains” (“Following sea”, 2012), “Constant now” (“Keep you
close”, 2011), “Fell off the floor, man” (“In a bar under the sea”, 1996), “The
Architect" (“Vantage point”, 2008) e “Nothing really ends (“Pocket Revolution”,
2005), este último com uma dedicatória especial a Portugal. dEUS é uma daquelas
bandas que, vinte anos passados desde o primeiro concerto a que assisti, revejo
sempre que posso. Da formação original restam apenas Klaas Janzoons (violino, teclados
e voz) e Tom Barman (voz principal e guitarras). Com eles estiveram Stéphane
Misseghers (bateria e voz), Alan Gevaert (baixo e voz) e o mais recente membro,
Bruno de Groote (guitarra e voz). Mas falar de dEUS é falar do seu líder
carismático Barman.
E neste concerto toda a energia, comunicação e empatia com
o público manteve-se como sempre acontece há já mais de vinte anos. Falando
muitas vezes em português (Portugal parece ser já a sua segunda casa)
revelou-se sempre muito simpático (pudemos comprová-lo depois do concerto) e de
uma entrega integral no desempenho musical, onde esteve muito bem acompanhado
pela totalidade da banda. Em alguns dos temas esteve também em palco um corpo
de bailarinos que deu uma animação especial, nomeadamente em “Instant Street”. De
referir que o som por vezes não esteve à altura da qualidade da banda, mas
também posso admitir que isso advenha da minha localização no recinto. Feitas
as contas, foi mais um grande concerto a juntar aos que já vi e sempre com
vontade de repetir. Com sete álbuns editados e mais um prometido para o próximo
ano, esta é mais uma das bandas que se estranha não ter ainda atingido um maior
reconhecimento global. dEUS merece ser mais do que apenas uma questão de culto.
Na primeira parte tocou a
multi-instrumentista Trixie Whitley (acompanhada por mais um músico que não
identifiquei). Por motivos imprevistos só pude assistir aos seus dois últimos
temas. A filha do já falecido Chris Whitley deixou-me muito boa impressão.
Lamentei não ter podido assistir a toda a sua actuação. Deveria ter sido uma
boa surpresa.
Texto: José Marques
Fotos/Vídeos: José Marques
Fotos/Vídeos: José Marques
Local: Coliseu de Lisboa
Data: 24 de Abril