As canções e música de protesto
sempre tiveram um papel activo na luta contra ditaduras e tiranias. Além de
fornecerem um veículo efectivo de protesto, são também uma maneira de eliminar
a repressão a nível individual, mas não deixam de ser a expressão de um povo.
A música sempre teve, tem e
terá um papel fundamental no continente africano onde muitas vezes a luta deu
origem à canção. Sendo que é também algo instintivo e natural em África como veículo
espiritual e ponte de ligação com uma entidade superior.
Estas componentes da música
foram sentidas na África do Sul durante o regime brutal do apartheid. O povo
uniu-se através da música, das canções e dos cantos em coro. Foi desde 1948 –
com a instauração do regime apartheid até ao seu final de 1994 - que os
africanos se uniram para de uma forma não-violenta acabar com o domínio brutal
e tirano que os oprimia. Impedidos de andar em vários autocarros, terem de
abandonar as suas casas e ocupar verdadeiros guetos, entre outras violências,
o povo negro africano nunca deixou de cantar e demonstrar a sua resistência.
Este documentário realizado
por Lee Hirsch que passou nove anos na África do Sul a reunir entrevistas,
footage e imagens de arquivo para o documentário, mostra quão importante e indispensável
foi o papel da música no acto da revolução e justiça social. Há trechos de
performances de vários músicos e um bom enquadramento histórico e social
através de entrevistas, imagens e footage de arquivo. É um filme que mostra a música como arma e escudo de
todo um povo.
Texto: Cláudia Zafre
Imagens: Frames do doc. Amandla! A Revolution in four Part Harmony