Este filme é uma criatura
estranha. Tem mais twists, ziguezagues, curvas e contracurvas na narrativa que
uma estrada nacional. A certa altura uma pessoa é capaz de se perguntar “Por
que é que raio estou a ver isto? Isto não faz sentido! Onde é que ela arranjou
aquele cutelo?” No entanto, a narrativa explica-se a si mesma e desenvolve-se
de forma coerente, quer dizer, se deixarmos o suspension of disbelief tomar
conta de nós.
A história começa por apresentar-nos
Charlotte (interpretada por Allison Williams) uma jovem prodígio do violoncelo
que teve de abandonar a sua carreira para tomar conta da mãe que estava
gravemente doente. 10 anos depois, a sua mãe acaba por falecer e Charlotte é
convidada por um dos seus antigos professores para servir de júri numa
competição para jovens violoncelistas. É nessa competição que conhece uma outra
violoncelista talentosa e que estudou na mesma escola, Lizzie (brilhantemente
interpretada por Logan Browning). A partir daí a história desenvolve-se de
forma delirante e talvez um pouco imprevisível.
O filme tem uma dose generosa
de gore e alguma violência extrema mas que não chega a ser gratuita e que serve
a narrativa mas é tão over-the-top que por vezes faz lembrar certos filmes
exploitation.
A realização ficou a cargo de Richard
Shepard e é um filme que garante dividir os espectadores, há quem ache um mero exercício
estapafúrdio de mau gosto e outros que realçam os talentos da realização, direcção
de actores e não se importam com alguns elementos mais surreais da narrativa.
Goste-se ou nem por isso, é um filme que garante com que fiquemos com certas
imagens na cabeça durante bastante tempo.
Texto: Cláudia Zafre
Filme: The Perfection