Este filme é uma criatura estranha. Tem mais twists, ziguezagues, curvas e contracurvas na narrativa que uma estrada nacional. A cert...

Numa relação séria com a Netflix: The Perfection (2018)


Este filme é uma criatura estranha. Tem mais twists, ziguezagues, curvas e contracurvas na narrativa que uma estrada nacional. A certa altura uma pessoa é capaz de se perguntar “Por que é que raio estou a ver isto? Isto não faz sentido! Onde é que ela arranjou aquele cutelo?” No entanto, a narrativa explica-se a si mesma e desenvolve-se de forma coerente, quer dizer, se deixarmos o suspension of disbelief tomar conta de nós.

A história começa por apresentar-nos Charlotte (interpretada por Allison Williams) uma jovem prodígio do violoncelo que teve de abandonar a sua carreira para tomar conta da mãe que estava gravemente doente. 10 anos depois, a sua mãe acaba por falecer e Charlotte é convidada por um dos seus antigos professores para servir de júri numa competição para jovens violoncelistas. É nessa competição que conhece uma outra violoncelista talentosa e que estudou na mesma escola, Lizzie (brilhantemente interpretada por Logan Browning). A partir daí a história desenvolve-se de forma delirante e talvez um pouco imprevisível.


O filme tem uma dose generosa de gore e alguma violência extrema mas que não chega a ser gratuita e que serve a narrativa mas é tão over-the-top que por vezes faz lembrar certos filmes exploitation.

A realização ficou a cargo de Richard Shepard e é um filme que garante dividir os espectadores, há quem ache um mero exercício estapafúrdio de mau gosto e outros que realçam os talentos da realização, direcção de actores e não se importam com alguns elementos mais surreais da narrativa. Goste-se ou nem por isso, é um filme que garante com que fiquemos com certas imagens na cabeça durante bastante tempo.

Texto: Cláudia Zafre
Filme: The Perfection
Imagens: Frames do filme The Perfection (2018)