sexta-feira, 2 de agosto de 2019

ORVILLE PECK: Pony (2019)

Género: alt-country, country, shoegaze, rock
Álbum: Pony
Data de lançamento: 22 Março, 2019
Editora: Subpop


Orville Peck oculta o rosto por detrás de um chapéu e uma máscara de bandido com longas franjas pretas, metade cowboy, metade performer com queda para o fetichismo. É assim que se apresenta na capa do seu disco de estreia intitulado Pony. Podemos vislumbrar os seus olhos azuis e pouco mais.

Orville Peck chega-nos do Canadá com um punhado de canções de country extremamente alternativo, sendo que incorpora no seu som elementos de shoegaze, indie pop e um clima onírico, extremamente atmosférico e reminiscente dos trabalhos de David Lynch.

Assombrosa e magnetizante é também a sua voz. Profunda e grave, leva-nos para territórios do faroeste, de bandidos, xerifes e saloons de boémia desmesurada, mas também para uma faceta mais terna como uma despedida numa auto-estrada deserta.

As líricas são pequenas histórias, vinhetas e memórias cantadas/contadas em jeito narrativo ao bom estilo do country marginal tradicional com melodias que se aproximam e distanciam do country pop.

Em Buffalo Run existe uma dinâmica interessante de guitarras reminiscente de post-punk, transporta-nos dos anos 60 para os 80 e a voz de Orville Peck vai desflorando em harmonia com a melodia, fazendo por vezes lembrar a mística vocal de Ian Curtis. Esta sensibilidade oitentista também se verifica em Queen of the Rodeo com uma atmosfera fantasmagórica acompanhada por sintetizadores.  
Liricamente, há todo um carácter intimista e introspectivo que se revela em Big Sky onde canta os seus antigos amores. Há a crueza do faroeste mesclada com a ternura de um cantor que, apesar de ocultar a sua identidade física, mostra a interior sem complexos.

A tacha irresistível do amor jovem e entre o mesmo sexo. “The love that dare not speak its name” como foi escrito por Sir Alfred Dougas, amante de Oscar Wilde, encontra agora a sua voz em Orville Peck.

Orville Peck demonstra que o country alternativo pode ser duro e terno ao mesmo tempo.

                                                       - TRANSLATION - 

Genre: alt-country, country, shoegaze, rock
Album: Pony
Release: 22 March, 2019
Record Label: Subpop

Orville Peck hides his face behind a cowboy hat and a bandit mask with long black fringes, half cowboy, half performer with a crush on fetishism. That's how he presents himself in his debut record called Pony. We can see his blue eyes and that's about it. 

Orville Peck comes from Canada with a handful of extremely alternative country songs, mixing in elements of shoegaze, indie pop and an oniric and extremely atmospheric atmosphere reminiscent of David Lynch's works. 

Haunting and magnetizing is his voice. Profound and deep, takes us to the wild west of bandits, sheriffs and salloons of extreme bohemia, but it also has a tender side like a farewell on a desert highway. 

The lyrics are short-stories, vignettes and memories told/sung in a narrative way in the style of outlaw country music with melodies that draw close but then apart from country pop. 

In Buffalo Run there is an interesting dynamic between guitars that are reminiscent of post-punk that drags us from the 60's to the 80's as Orville Peck's voice blossoms along the melody reminding the mystical vocals of Ian Curtis. This 80's sensitivity is also present in Queen of The Rodeo with a haunting atmosphere aided by the use of synths. 

Lyrically, there is an intimacy and introspection that is revealed in Big Sky where Peck sings about his past loves. There is the rawness of the wild west mixed with the tenderness of a singer who despite not revealing his physical identity, reveals his inner one. 

The irresistible world of young and same-sex love. "The love that dare not speak its name" as it was written by Sir Alfred Douglas, Oscar Wilde's lover, finds its voice in Orville Peck

Peck shows us that country can be raw and tender at the same time. 

Texto | Text: Cláudia Zafre
Tradução | Translation: Cláudia Zafre