AQ: Os céus anunciam os ritmos de um céu cósmico no SonicBlast Moledo (2019)

Devido ao estado do tempo, os concertos que teriam lugar na piscina de Moledo foram alterados para outro espaço: o palco principal do festival SonicBlast Moledo, cujos imprevistos acabaram por causar uma série de atrasos. Foi ainda possível ver o concerto do quarteto sueco MaideVale de guarda chuva na mão. O concerto deambulou entre os dois álbuns: Madness Is Too Pure (2018) e Tales of the Wicked West (2016). Apesar de ter sido um concerto de curta duração, a banda foi ganhando uma dinâmica coesa e desinibida ao longo da performance. Não se poderia esperar outra coisa senão boa disposição em palco e boas doses de groove psicadélico. Fiquem atentos pois reserva-se uma entrevista feita pela equipa do Acordes com dois elementos da banda que falaram um pouco sobre o seu percurso.

High Fighter

MaidaVale

Os Minami Deutsch viajaram entre o ocidente e o oriente através do seu rock psicadélico fortemente influenciado pelo Krautrock. Trazem e pretendem inovação dentro de um meio que cada vez mais se quer livre de rótulos. Concerto de batidas repetidas e guitarras afinadas no experimentalismo que se quer, ora lento ora intenso, atingindo o auge para no minuto seguinte voltarem ao início da jornada musical. É um concerto para ser experienciado com todos os sentidos e deixar a mente viajar. Prestação curta e de um entusiasmo contagiante, transmitido pela frenética baterista que acompanhou a banda nesta digressão. A curta amostra da massagem tântrica musical que proporcionaram ao público do Moledo, possibilita uma repetição com o regresso a Portugal no próximo mês, dia 20, no CAAA de Guimarães (Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura), com os Solar Corona na primeira parte, e dia 21, no MusicBox em Lisboa. A equipa do Acordes tinha uma entrevista preparada, mas infelizmente não foi possível devido a problemas de voos.

Minami Deutsch

O dia ainda se mantinha claro, apesar dos avisos do céu. Do norte da Europa chegam os aguardados The Devil and The Almighty Blues. Tudo o que se esperava confirmou-se. Em palco escuta-se uma sonoridade tipicamente heavy blues alicerçada em visuais doomescos, com guitarras sólidas, melodias capazes de por qualquer voz a trautear e dedos a acompanhar os solos. Repletos de música envolvente, o seu repertório incidiu nos temas do seu último registo o TRE, assim como nos álbuns anteriores. Este memorável concerto foi a imagem perfeita para se observar o singular encontro do dia com a noite.

The Devil and the Almighty Blues

Seguiram-se os alemães Lucifer, os suecos Monolord, os americanos Earthless que, como é habitual, deixam os fãs com um sorriso de bochecha a bochecha, tal é a harmonia desconstruída, e linguagem musical alcançada por aqueles 3! De porte descontraído e atitude transparente, são o elixir da boa disposição e música meticulosamente (des)preocupada com o virtuosismo. As orações sónicas continuam e quem sabe um dia destes possa surgir a oportunidade de ver os Earthless a conversar musicalmente com os OM. Já imaginaram o Amos a tocar com o Rubalcaba? Os Earthless repuseram as energias sugadas pela roupa molhada, num dia em que foi parando de chover.

Monolord

Os suecos Graveyard e os portugueses Solar Corona fecharam o primeiro dia de festival com uma performance capaz de alimentar a mente que ansiava por algo mais. Notou-se a banda mais coesa, madura com as doses certas de psicadelismo à mistura. Neste quarteto o acrescento do saxofone a lembrar o mundo Floydiano (ouçam a Rebound) veio trazer aquela viagem cósmica apenas com bilhete de ida. Sem dúvida alguma, e com o primeiro-longa duração Lightning One, os Solar Corona vieram confirmar que a música nacional está de óptima saúde e mais revigorante que nunca.