África é um continente fascinante na sua imensidade de
culturas. Apesar da sua existência tumultuosa pontuada por ditaduras,
colonização e guerras civis, possui uma essência forte, vibrante e magnetizante.
A música em vários países africanos é também digna de estudo pela sua
diversidade de contextos, conteúdos e ritmos. Os músicos tradicionais de várias
regiões por mais isoladas que sejam das grandes metrópoles, conseguem criar um micro-universo
de pura sensibilidade e emoção, mesmo que apenas sejam usados instrumentos que
podem ser classificados como rudimentares.
Conhecer e viver África será sempre fascinante pois é
um processo infindável, onde descobrimos novos ritmos e formas de fazer música.
Na África do Sul, um país marcado pela violência e racismos dos tempos do apartheid,
houve um conjunto de músicos que espalharam a sua mensagem progressista através
de acordes rápidos, melódicos que acentuavam as letras corajosas de cariz demarcadamente
anti-racista.
Neste documentário realizado por Keith Jones e Deon Maas,
exploramos a importância da música punk, ska e reggae na transmissão de uma
mensagem de união entre humanos, independentemente da sua cor de pele. Uma revolução
musical propagada por bandas da África do Sul como os National Wake (uma banda multirracial),
Kalahari Surfers, Wild Youth e Koos.
Viajamos seguidamente para Moçambique para conhecer a
banda 340ML, baseada na África do Sul e acabamos a viagem no Zimbabwe com as bandas The Rudimentals e Evicted que continuam a luta na revolução social contra
regimes opressivos.
O documentário serve-se de footage de concertos e
momentos políticos históricos, entrevistas a vários músicos e fotos de arquivo
para ilustrar um movimento musical que serviu e sempre servirá para transmitir
uma mensagem positiva de libertação e igualdade.
Texto: Cláudia Zafre
Imagens: Frames do doc. Punk in Africa