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Fotografia: © Paulo Rascão
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Por trás de um texto está quem o escreve. De um lado, há quem fique apenas pelo texto, do outro lado, suscitado pela curiosidade, há quem procure conhecer mais sobre o autor.
Há mais de uma década, na disciplina de Teatro, na altura da faculdade, foi-me atribuído um monólogo para ensaiar, intitulado “O Lado Bom”. Depois de alguns ensaios, dei por mim em lágrimas, ao descobrir que a protagonista da história mata o próprio filho. Entrei em contacto com o autor para confirmar o desfecho da história, uma vez que no texto não se subentendia tão facilmente — existindo espaço para interpretação aberta. “O Lado Bom”, interpretado por Margarida Cardeal, na edição do espectáculo Urgências, esteve em cena no Teatro Maria Matos, em Lisboa, em 2006. É a partir desta altura que sigo com mais afinco o trabalho de Filipe.
Filipe Homem Fonseca escreve muito. Hoje aplica-se o termo hiperactivo para quem reserva muito do seu tempo para produzir, talvez, neste contexto, o termo seja mal aplicado porque não existem limites para a proliferação criativa, existe imaginação, empenho, disciplina e vontade. Além do texto “O Lado Bom”, escreveu muitos mais, tal como “Azul e Cores”, uma peça que nasceu em 2004, e que esteve em cena no Teatro Trindade, em Lisboa; posteriormente, esteve em digressão pelo país. Os trabalhos de Filipe situam-se em vários estados, ora dramático, ora satírico, absurdo, irónico, brincalhão, existe eclectismo que não se prende a um só género em particular. Filipe tem tanto de sensível quanto de mordaz. Quem nasceu na década de 80 e 90, ouviu muitas vezes frases icónicas como “Fantástico Mike” trocadas várias vezes entre adolescentes, imitações do Mike e Melga, as personagens interpretadas por Herman José e José Pedro Gomes, um dos sketches de Herman Enciclopédia, passado no Melgashop.
Além da escrita, Filipe também se ocupa da banda Cebola Mol, com o pseudónimo Phil Stardust, duo que teve a sua projecção graças às aparições em vários programas de TV. Em 2001 lançaram o álbum Samba Roulotte, pela EMI, em 2003 lançaram Android Polaroid, em 2009 O fim dos Cebola Mol e em 2012 O Novo CD.
Nascido em Lisboa, no ano da Revolução de Abril, começa já em tenra idade a escrever para televisão e teatro. É argumentista, dramaturgo, escritor, humorista, músico e realizador. Escreveu contos, séries de televisão, peças de teatro, rubricas de áudio, documentários e filmes. Herman Enciclopédia, Contra-Informação, Conversa da Treta, Paraíso Filmes, Bocage, Azul a Cores, Submersos, Aqui Tão Longe e 1986, fazem parte da lista de trabalhos de Filipe. Tem dois livros de poesia, "conta gotas" e "enquanto espero que me arranjem o esquentador penso em como será a vida depois do sol explodir". É autor dos romances "Se Não Podes Juntar-te a Eles", "Vence-os" e "Há Sempre Tempo para Mais Nada.". "A Imortal da Graça" é o segundo que publica na Quetzal cujo tema aborda a gentrificação da sua cidade, Lisboa, e sobre o direito que os locais têm a viver nas suas cidades.
Além da escrita, Filipe também se ocupa da banda Cebola Mol, com o pseudónimo Phil Stardust, duo que teve a sua projecção graças às aparições em vários programas de TV. Em 2001 lançaram o álbum Samba Roulotte, pela EMI, em 2003 lançaram Android Polaroid, em 2009 O fim dos Cebola Mol e em 2012 O Novo CD.
Nascido em Lisboa, no ano da Revolução de Abril, começa já em tenra idade a escrever para televisão e teatro. É argumentista, dramaturgo, escritor, humorista, músico e realizador. Escreveu contos, séries de televisão, peças de teatro, rubricas de áudio, documentários e filmes. Herman Enciclopédia, Contra-Informação, Conversa da Treta, Paraíso Filmes, Bocage, Azul a Cores, Submersos, Aqui Tão Longe e 1986, fazem parte da lista de trabalhos de Filipe. Tem dois livros de poesia, "conta gotas" e "enquanto espero que me arranjem o esquentador penso em como será a vida depois do sol explodir". É autor dos romances "Se Não Podes Juntar-te a Eles", "Vence-os" e "Há Sempre Tempo para Mais Nada.". "A Imortal da Graça" é o segundo que publica na Quetzal cujo tema aborda a gentrificação da sua cidade, Lisboa, e sobre o direito que os locais têm a viver nas suas cidades.
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"A Imortal da Graça", Filipe Homem Fonseca. Quetzal
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Acima de tudo, Filipe é um homem curioso que trabalha as ideias construindo um mundo muito próprio. Na literatura dá voz a personagens que não se reflectem nas suas convicções. Interessa-lhe a questão da memória que jamais deve ser apagada porque não se constrói do zero, na verdade, sem a memória nada somos e, neste sentido, a memória não pode continuar a ser maltratada e negligenciada.
Uma vez que o trabalho de Filipe é uma referência para o Acordes, e porque as escolhas são também um caminho para melhor conhecermos o universo de certo autor, decidimos perguntar as referências criativas de Filipe: 5 livros, 5 discos, 5 filmes, 5 séries, 5 bandas desenhadas.
- Jerusalem, Alan Moore
- La Possibilité d'une Île, Michel Houellebecq
- The Road, Cormac McCarthy
- O Caçador Esquimó, Miguel Martins
- L'Adversaire, Emmanuel Carrère
5 discos:
- Blue Train, John Coltrane
- Giant Steps, John Coltrane
- Lightning at the Door, All Them Witches
- Murder of the Universe, King Gizzard and the Lizard Wizard
- Lateralus, Tool
5 filmes:
- 2001: A Space Odyssey, Stanley Kubrick
- Apocalypse Now, Francis Ford Coppola
- Goodfellas, Martin Scorsese
- The Good, the Bad and the Ugly, Sergio Leone
- Blade Runner, Ridley Scott
5 séries:
5 séries:
- Six Feet Under, Alan Ball
- Northern Exposure, Joshua Brand & John Falsey
- The Sopranos, David Chase
- Rick and Morty, Dan Harmon & Justin Roiland
- Star Trek TOS, Gene Roddenberry
5 bandas desenhadas:
5 bandas desenhadas:
- Watchmen, Alan Moore & Dave Gibbons
- The Invisibles, Grant Morrison & vários ilustradores
- All-Star Superman, Grant Morrison & Frank Quietly
- Mister Miracle, Tom King & Mitch Gerads
- Daredevil, Frank Miller & Klaus Janson
Texto: Priscilla Fontoura
Escolhas: Filipe Homem Fonseca
Fotografia: Paulo Rascão