Explorar e quebrar barreiras de género parece um desafio imenso, mas há bandas e projectos que o fazem com uma facilidade natural.
Housewives é um quinteto londrino que começou a editar em 2013 e que já lançou 3 LP’S, sendo o mais recente, Twilight Splendour, uma reunião de 8 temas que compõe cenários de distopia sónica com a deconstrução constante de um post-punk fortemente sustentado por electrónicas dilacerantes.
A banda composta por amigos de infância originários de Gloucestershire foca-se no presente e pisca o olho ao futuro, fazem música para e dos nossos tempos numa tentativa de criar uma arte imediata e cerebral que reflecte as ansiedades, angústias, mas também as esperanças e euforias de uma vida na contemporaneidade.
Numa entrevista ao site The Quietus, Joseph Rafferty elabora sobre a dualidade que existe entre a nossa persona online nas redes sociais ou outros locais na internet e a nossa persona real, aquela que personifica e lida com o nosso quotidiano. Essa dualidade é algo que acha bastante interessante e que permeia ideias e emoções.
"Bem, é apenas uma relação, não é? Representas-te de uma determinada maneira na vida real e de outra maneira diferente através do teu Eu online. Não estou a dizer necessariamente que uma maneira é pior do que a outra, apenas a dizer que as pessoas agem de maneiras diferentes. Estamos perante uma espécie de dualidade - dualidade em nós, nos outros, nas ideias e emoções. Há uma justaposição constante" - afirma Rafferty
É essa justaposição constante que faz a estética sonora de Housewives uma banda-sonora para os nossos tempos modernos, uma relação simbiótica entre o mundo digital e o orgânico que se revela também nas suas estéticas visuais, seja através dos telediscos ou das fotos que os colocam em situações do quotidiano, camuflados e discretos num mundo em constante metamorfose.
Perguntámos a Joseph Rafferty (voz, guitarra, saxofone), David Moran (guitarra, teclas), Sasha Evans (baixo, bateria), Lawrence Dodd (bateria, voz) e Ben Vince (saxofone) as suas escolhas para 5 livros, 5 discos, 5 filmes/séries e aqui ficam:
Livros:- 100 Years of Solitude, Gabriel Garcia Marquez
- The Brothers Karamazov, Fyodor Dostoevsky
- Amerika, Franz Kafka
- The Three Stigmata of Palmer Eldritch, Philip K Dick
- Capitalist Realism, Mark Fisher
Discos:
- &&&&&, Arca
- Public Strain, Women
- The Life of Pablo, Kanye West
- The Getty Address, Dirty Projectors
- Oil of Every Pearls Un-Insides, SOPHIE
Filmes / Séries:
- The Square, Ruben Östlund
- The Armando Ianucci Shows, Armando Ianucci
- Stalker, Andrei Tarkovsky
- Enter The Void, Gasper Noé
- Synecdoche New York, Charlie Kaufman
- TRANSLATION -
Twilight Splendour, capa por Joseph Rafferty
Exploring and breaking genre barriers seems to be a giant task, but there are bands and projects that do it with a seemingly natural ease.
Housewives is a quintet from London that started to release records in 2013 and have 3 LP’S so far, being that the most recent one, Twilight Splendour, gathers 8 themes that construct scenarios of sonic dystopia with the deconstruction of a kind of post-punk that is strongly supported by lacerating electronics.
The band composed by childhood friends from Gloucestershire focuses on the present and flirts with the future, making music for and from our times to create an immediate and cerebral kind of art that reflects the anxieties, anguishes but also the hopes and euphoria of a modern life.
In an interview with the website The Quietus, Joseph Rafferty talks about the duality that exists in our online persona on social media or other places on the internet and our real persona, the one that deals with everyday life. That duality is something that he finds interesting and that permeates ideas and emotions.
“Well, it’s just a relationship isn’t it? You represent yourself in a certain way in real life, and you did it another way through your online ‘self’. I’m not necessarily saying one is worse than another, it’s just that people act differently on both. We’re kind of looking at a duality - duality in ourselves, other people, ideas, emotions. There’s constantly a juxtaposition.” says Rafferty.
It is this constant juxtaposition that makes the sound aesthetics of Housewives an adequate soundtrack for our modern times, a symbiotic relationship between the digital and the organic worlds that also reveals itself on the visual aesthetics, through the videoclips or the photos of the band that put them in daily life situations, in camouflage and discreet in a world in constant metamorphose.
We asked Joseph Rafferty (voice, guitar, saxophone), David Moran (guitar, keyboards), Sasha Evans (bass, drums), Lawrence Dodd (drums, voice) and Ben Vince (saxophone) their preferences for 5 books, 5 records, 5 films/TV shows and here they are:
Books:- 100 Years of Solitude, Gabriel Garcia Marquez
- The Brothers Karamazov, Fyodor Dostoevsky
- Amerika, Franz Kafka
- The Three Stigmata of Palmer Eldritch, Philip K Dick
- Capitalist Realism, Mark Fisher
Records:
- &&&&&, Arca
- Public Strain, Women
- The Life of Pablo, Kanye West
- The Getty Address, Dirty Projectors
- Oil of Every Pearls Un-Insides, SOPHIE
Films / TV Shows:
- The Square, Ruben Östlund
- The Armando Ianucci Shows, Armando Ianucci
- Stalker, Andrei Tarkovsky
- Enter The Void, Gasper Noé
- Synecdoche New York, Charlie Kaufman
Texto | Text: Cláudia Zafre
Escolhas | Choices: Housewives
https://housewivesband.bandcamp.com/album/twilight-splendour
https://thequietus.com/articles/26173-housewives-interview