sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

O Campo: O Campo

Género: rock, indie rock, rock psicadélico, stoner rock, math rock 
Álbum: O Campo 
Data de Lançamento: 15 de Novembro, 2019
Editora: Self-Released (Distribuição: Tratore) 
https://bandaocampo.bandcamp.com/album/o-campo

Imagem por Julia Rodrigues      

O Campo é amplo e imenso, nele brotam sonoridades indie-rock com reminiscências de anos mais pastorais dos anos setenta, especialmente através das percussões gravadas por Nhô Frade (Grupo Paranga e Sopro Caipira), progressões suaves e complexamente melódicas com alguma dinâmica matemática. 

O Campo é uma banda que vem de São Paulo e toca com fluidez e destreza, juntando no seu cocktail de sonoridades uma abordagem moderna a uma fusão de rock dos anos 70 e 90. É o seu disco de estreia e homónimo, no qual os 8 temas que o compõe viajam entre instrumentais progressivos e transcendentais e canções em que a poesia, muitas vezes, ocupa o primeiro plano. É assim o caso nos temas "O verso da folha” e “O Campo” com versos recitados pelo cineasta Luiz Otavio de Santi. 

Liricamente, existe uma abordagem muito delicada em relação ao uso da palavra, o seu som, métrica e as construções em verso que, aliadas a ritmos de alguma inspiração psicadélica, revestem a banda de uma cor vibrante muito própria. 

Imagem por Lucci Antunes e edição de Mário Gascó

Pequenos apontamentos sonoros, numa excelente produção de Michel Renó e masterizado por Vitor Hirtsch, são também um dos apontamentos subtis deste surpreendente disco de estreia. Ouçam-se, por exemplo, o desdobramento das camadas de melodia e os pequenos apontamentos sonoros do tema “Reparei”. A energia indie no tema “Espelho” com uma letra que pende para a introspecção, com uma dinâmica de refrão bastante cativante, a progressão de laivos psicadélicos e “orientais” do tema instrumental “Chalé” e o tema “Ciudad”, primeiro single da banda, com um teledisco realizado por Lucci Antunes e participação vocal de Gustavo Athayde (Leza), cantado em espanhol e brasileiro aliado a deliciosos momentos de citaras. 

O Campo é um disco fértil e recheado de ideias novas com vislumbres de um passado temporalmente distante, mas esteticamente próximo. Um primeiro avanço promissor para uma banda vibrante e dinâmica que cativa e surpreende. 

Texto: Cláudia Zafre