20 de Março é o dia apontado para os Evols darem a conhecer "III", o terceiro álbum lançado via Revolve . A banda do Porto sur...

Evols: uma banda que procura na democratização criativa o seu lugar. III é o título do novo disco.

20 de Março é o dia apontado para os Evols darem a conhecer "III", o terceiro álbum lançado via Revolve. A banda do Porto surge em 2008 por França Gomes, Carlos Lobo e Vitor Santos. Em 2010 editam o primeiro homónimo, e em 2015 "II", com Jorge Queijo na bateria (Torto / Os Príncipes / Ensemble Gamelão) e João Santos (Wasser Bassin) no baixo. A nova fase de Evols junta Rafael Ferreira (Glockenwise) na formação base para lançar “III”, disco que teve a participação do baterista Pedro Oliveira (Krake; Peixe:Avião) e do teclista Sérgio Bastos (S. Pedro; Space Ensemble). Para a nova fase de concertos juntam-se à banda André Simão (Dear Telephone e Sensible Soccers) na bateria e Sérgio Bastos (S. Pedro e Space Ensemble) nos sintetizadores.

"Desde o início que procuramos esta relação entre a música e artes visuais e, nesse sentido, para este disco decidimos colaborar com uma artista holandesa que é fã da banda. Ao escolhermos os artistas, corremos o risco da liberdade criativa que é concedida a cada um deles."

- Editam agora o novo disco intitulado “III” no próximo dia 20 pela Revolve. Nota-se que tiveram preocupação no seu planeamento, não só no que diz respeito ao som, mas também quanto à concepção da imagem. Podem falar um pouco sobre esse processo?
Carlos Lobo - Penso que este disco representa uma continuidade em termos visuais do que temos vindo a desenvolver desde o nosso primeiro disco. Nos dois primeiros discos usámos imagens do fotógrafo Carlos Lobo que também é mesmo da banda. Desde o início que procuramos esta relação entre a música e artes visuais e, nesse sentido, para este disco decidimos colaborar com uma artista holandesa que é fã da banda. Ao escolhermos os artistas, corremos o risco da liberdade criativa que é concedida a cada um deles. 

Capa Disco "III", por Anne-Margreet Honing

- Sendo que é o vosso terceiro disco, esta coisa de andar em estúdio não é nova para vocês. Sentem sempre uma certa ansiedade quando chega esse momento? Costumam ir com tudo organizado ou abrem-se a novas improvisações?
CL - Somos uma banda que demora muito tempo a gravar os discos, daí os intervalos tão longos entre a edição de cada disco. Ao mesmo tempo somos bastante obcecados no processo de gravação, tendo especial atenção a cada um dos sons, seja um uso específico de reverb ou delay na bateria, ou determinado efeito na guitarra ou voz... são processos lentos, meticulosos mas necessários para alcançar determinada sonoridade. Não sabemos ou conseguimos realmente trabalhar de outro modo... 

"Estamos mais velhos, mais realistas mas continuamos muito honestos e inconformados no que fazemos. Os ideais são os mesmos desde a formação da banda e nunca mudamos de acordo com qualquer tendência musical ao longo destes anos. A base da banda continua a mesma (os três guitarristas) e os membros novos vieram trazer sensibilidades pessoais para o som da banda."





- Formaram-se em 2008, mais de uma década passou. Quais são as diferenças que podem apontar no que concerne à transição e maturação que têm feito enquanto banda?
CL - Estamos mais velhos, mais realistas mas continuamos muito honestos e inconformados no que fazemos. Os ideais são os mesmos desde a formação da banda e nunca mudamos de acordo com qualquer tendência musical ao longo destes anos. A base da banda continua a mesma (os três guitarristas) e os membros novos vieram trazer sensibilidades pessoais para o som da banda.

- Nesta nova fase há vários membros de outras bandas que se juntam para colaborar no álbum III, como foi essa colaboração? 
CL - Na gravação do III tivemos o Rafa (baixo) que também colaborou na construção de alguns temas que já vínhamos a tocar ao vivo. Durante a gravação, todas as baterias foram gravadas entre o Jorge Queijo e o Sonic, sendo que os teclados foram gravados pelo Sérgio Bastos. São todos excelentes músicos e o som do disco beneficiou da experiência que eles trazem de outras bandas.

"O vídeo é realizado pelo Hugo Amaral que já tinha colaborado connosco no disco II bem como ao vivo. É um vídeo que remete para essa ideia de uma certa saturação daquilo que nos é vendido, do vazio dos media e nesse sentido, nem o protagonista parece acreditar muito naquilo que está a promover."

- Agora na promoção de III também contam com a participação de André Simão (Dear Telephone e Sensible Soccers) na bateria e Sérgio Bastos (S. Pedro e Space Ensemble) nos sintetizadores para os concertos. Têm ensaiado muito, ou a comunicação musical é fácil e não exige muita preparação?
CL - Temos ensaiado regularmente para tentar que os novos membros se habituem às canções do disco novo bem como a tocar alguns temas antigos. Os ensaios são também momentos importantes para se decidir coisas da banda, agenda, alinhamento de canções, etc.

- Na nossa interpretação, pareceu-nos que no teledisco existe uma sátira às televendas, como se o protagonista estivesse a vender produtos inusitados ou mesmo um pouco inúteis. Quiseram de alguma forma criticar o consumismo desmedido e “cego”? E acham que a cor presente reflecte o espírito audiovisual das décadas de 80 e 90? 
CL - O vídeo é realizado pelo Hugo Amaral que já tinha colaborado connosco no disco II bem como ao vivo. É um vídeo que remete para essa ideia de uma certa saturação daquilo que nos é vendido, do vazio dos média e, nesse sentido, nem o protagonista parece acreditar muito naquilo que está a promover.

- Podem precisar quais as datas que têm marcadas para a apresentação do álbum e quais as expectativas? 
CL - Nunca sabemos o que esperar num concerto dos Evols. Ao vivo é sempre diferente pois o som da banda ganha outra expressão e as músicas são sempre adaptadas para o palco, quer seja em sala pequena, auditório ou festival. Para já a recepção aos temas novos tem sido bastante boa e os temas têm rodado nas rádios o que é um bom sinal.

Temos já alguns concertos confirmados como 20 de Março em Barcelos, 21 em Lisboa, 4 de Abril em Amares, 18 de Abril em Guimarães e mais alguns que iremos anunciar brevemente.

Texto e entrevista: Priscilla Fontoura
Entrevistado: Carlos Lobo
Imagens: Carlos Lobo
evols.bandcamp