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Há concertos... e concertos. Hoje falamos sobre os que representaram mais do que uma performance e tornaram-se um protesto activista em locais com conotação histórica. Ficam outros por nomear.
- Rage Against the Machine - São Francisco, Causa da independência do Tibete (1996) -
Os Rage Against the Machine desde o início tiveram o poder de mover gerações. Um dos concertos mais míticos dos activistas políticos ocorreu em São Francisco, intitulado Tibetan Freedom Concert - criado para apoiar a causa da independência tibetana. Foram originalmente organizados pelos Beastie Boys e pelo Milarepa Fund. Os concertos ajudaram a estimular o crescimento de Estudantes pelo Tibete Livre em todo o mundo.
- System of a Down - Arménia, Erevan, Praça da República (2015) -
O concerto dos System of a Down, na praça da República na capital da Arménia, é mais do que um concerto. É um apelo internacional ao reconhecimento do genocídio arménio, porque só é possível sentir paz colectiva quando as atrocidades cometidas pelos perpetradores forem assumidas, assim é possível construir um futuro melhor, tanto para os arménios quanto para os turcos - não apagando um passado que é reconstruído no futuro suportado na verdade e na justiça. Este esforço internacional - que aponta para um movimento pacifista e global - é conduzido por turcos que destemidamente apelam ao seu país para que reconheça o genocídio arménio - reparar o passado é reconhecer a mancha deixada.
- Metallica - Rússia, Moscovo (1991), Monsters of Rock -
A 28 de setembro de 1991, o concerto Monsters of Rock aconteceu no aeródromo de Tushino, em Moscovo, na Rússia. Apenas um mês após a tentativa do golpe soviético de 1991, este vídeo mostra um concerto com uma multidão entusiasmada, apesar dos mil militares que vigiavam o palco. O concerto colossal de um dia foi patrocinado pela Time Warner Inc. e contou com AC / DC, Metallica, Motley Crue, Queensrÿche e Black Crowes.
Concerto gravado há mais de 20 anos dos Fugazi frente à Casa Branca - um protesto contra a guerra do Golfo arquitectada pelo ex-presidente Bush.
- The Wall - Pink Floyd, Roger Waters (Scorpions) - Berlim (1990) -
Sabemos que Roger Waters é um activista convicto que aplica às suas letras uma carga política e interventiva.
Este concerto ocorreu em Berlim e foi realizado em terreno vago entre Potsdamer Platz e o Portão de Brandenburgo, um local que fazia parte da antiga "terra de ninguém" do Muro de Berlim.
The Wall - Live in Berlin foi uma apresentação ao vivo de Roger Waters e de vários artistas convidados, do álbum de estúdio The Wall, em grande parte escrito por Waters durante o seu tempo na banda. O concerto foi realizado em Berlim em 21 de Julho de 1990, para comemorar a queda do Muro de Berlim oito meses antes. Um álbum ao vivo foi lançado em 21 de agosto de 1990.
- Woodstock '69 - Santana - Soul Sacrifice -
Nas imediações de Bethel, uma cidade nos EUA, um dos maiores festivais de música da história aconteceu e tornou-se referência para tantos outros devido às suas características originais. Ficou emblemático e reconhecido como um dos maiores momentos na história da música popular. A Guerra do Vietname tornou-se um dos principais alvos do movimento hippie que se desenvolveu exponencialmente nos anos '50 e '60 - fruto da contestação dos jovens ao clima de rivalidade fomentado pela Guerra Fria. As formas de protestos encontradas pelos jovens desse período eram a música, sobretudo o Rock n' Roll, e as drogas – principalmente as sintéticas, como o LSD e a mescalina. Por meio do som e das letras do rock e também das performances de palco, a contracultura começou a penetrar a sociedade como um todo e o Woodstock representou o ápice dessa era. Paralelamente, o mundo estava no auge da bipolaridade geopolítica. No contexto da Guerra Fria crescia nos EUA o modo de vida americano, "American Way of Life", que se tornava um modelo a ser replicado em todo o mundo ocidental. O modo de vida americano trouxe também a era dos electrodomésticos, um modo de vida social ligado ao consumo, na mesma altura em que os EUA se viam envolvidos num dos confrontos mais dispendiosos desse período, a guerra do Vietname.
O projecto de um grande festival que reunisse os principais representantes do rock daquele período partiu de quatro jovens: JohnRoberts, Joel Rosenman, Artie Kornfeld e Michael Lag. Alguns autores que estudaram a história do festival dizem que a declaração dos organizadores de que era esperado um público de 60 mil pessoas não corresponde à verdade, há dados que confirmam a venda de mais de 180 mil bilhetes antes da realização do festival. De qualquer forma, o evento contou com mais do dobro de pessoas que tinham garantido a sua presença antecipadamente.
Há quem afirme que a música nunca travou confrontos ou guerras, no entanto, apesar da música ter um papel pacificador e regenerador, é também agente activo na educação das pessoas. Quando a música nutre um efeito reconciliador e consegue unir dois ou mais opositores, não há nada que se equipare.
Texto: Priscilla Fontoura