Ao pensarmos em música extrema não podemos obliterar a importância e a influência de um certo género musical: grindcore.
Certamente influenciado pela ética sonora do hardcore punk e do crust punk britânico, o grind começou a trilhar o seu caminho a partir de meados dos anos 80 com o aparecimento de bandas seminais como Repulsion e Napalm Death.
O que para muitos, poderia ser considerado como mero barulho, tingiu-se de um carisma único que muito tem a dizer sobre a sociedade e as suas infindáveis vertentes sejam políticas ou sociais, assim como um domínio total e perfeito de cada instrumento. Tocar bem mas rápido e de forma intensa, continua a ser o mote de muitas bandas de grindcore, tanto as que iniciaram o movimento como as que o continuam.
Este documentário realizado por Doug Robert Brown é uma boa introdução do género que conhecemos como Grindcore, desde a sua origem até ao seu desdobramento em vários sub-géneros como o cybergrind, o gore grind e o mincecore, sendo que este último foi um termo criado pela banda Agathocles. Para esta banda, mincecore é um género profundamente influenciado por políticas de esquerda, não havendo espaço para racismo, xenofobia ou sexismo.
Slave to the Grind conta com imagens de arquivo, footage de concertos de inúmeras bandas como AxC (Anal Cunt), Fuck The Facts, Insect Warfare, Repulsion, Napalm Death, Unholy Grave, Agoraphobic Nosebleed, Nasum e muitas mais.
O documentário aborda subtilmente o falecimento de dois vocalistas influentes da cena. Mieszko Talarczyk, o vocalista de Nasum que faleceu em 2004 na Tailândia, vítima de um tsunami e Seth Putnam, vocalista de AxC (Anal Cunt) e inúmeros side-projects.
Para se conhecer melhor as bandas e o que melhor motiva os músicos, o realizador juntou também entrevistas a inúmeros músicos de bandas como Fuck The Facts, AxC, Repulsion, Agoraphobic Nosebleed, Napalm Death, Discordance Axis, Unholy Grave e muitas mais bandas.
É um documentário bastante interessante para quem ainda não é familiar com o género, havendo uma cronologia bastante bem definida que traça uma viagem desde a origem do género até à sua contemporaneidade. Assim como as tatuagens nos dedos de Tim Morse de AxC, a dica é directa, Play Fast!
Texto: Cláudia Zafre
Imagens: Frames do documentário Slave to the Grind