João Pais Filipe
Género: experimental, ethno-trance
Álbum: Sun Oddly Quiet
Lançamento: 24 de Abril, 2020
Editoras: Lovers & Lollypops, Holuzam
Design: Proto
Não é a primeira vez que apresentamos o trabalho de João Pais Filipe aqui. Falámos de Paisiel, duo com o saxofonista Julius Gabriel, e agora referimo-nos a João Pais Filipe a solo. Baterista, percussionista e escultor sonoro, o músico tem sido reconhecido não apenas localmente mas também noutros países, onde tem tido a oportunidade de colaborar com outros músicos e bandas, um desses exemplos é com a baterista Valentina Magaletti; tem também viajado e assim recolhe influências e experiências. Essas oportunidades são fruto do empenho e dedicação que tem empregue à música e ao processo na procura do seu som. Tem vindo, por isso, a quebrar o que já foi feito para colocar o "sabor" com travo a especiarias misturadas nas medidas (que considera) certas, transformando a intensidade e a textura num resultado próprio. Dá os primeiros passos com Sektor 304 e é membro dos HHY & The Macumbas, Paisiel e CZN. Pais tem editado e criado também com Burnt Friedman, com quem editará em Maio um registo a meias.
Além das bandas já mencionadas constam no seu CV as seguintes colaborações: Two White Monsters Around A Round Table, Fail Beter, Montanha Magnetica, GNOD, Black Bombaim e Rafael Toral.
João Pais Filipe apresenta hoje, dia 24 de Abril, Sun Oddly Quiet, através do site e/ou das redes da Lovers & Lollypops, com um preço referido como de “donativo consciente”.
Todos os que acompanham os nichos da música mais experimental, já ouviram falar certamente de João Pais Filipe, que não só tem firmado o seu caminho na música, mas também na construção e criação de esculturas sonoras, gongos, pratos, singing bowls, spinning bells com design personalizado fabricados por si.
Sun Oddly Quiet é um disco dedicado à sua avó Maria de Lurdes Gomes, o segundo (oficial) de originais editado numa parceria entre a Lovers & Lollypops e a Holuzam - hoje, é o dia do seu lançamento, o penúltimo dia que data a revolução de Abril. João Pais Filipe recorre a um kit de bateria desenhado por si, e tem conseguido, ao longo deste tempo, cristalizar cada vez mais o seu som misturando várias texturas orgânicas. Sun Oddly Quiet segue uma estrutura mântrica e meditativa, como se o baterista fosse um Xamã da África Negra. As esculturas sonoras que introduz tornam-se não só um jogo visual, mas também é o que caracteriza o seu som e o que o diferencia dos demais. É assim que nos convida a entrar no seu universo, feito através de uma possível hipnose que não simula um sono adormecido mas um acordado, onde a física se distancia do espaço e a bateria se fixa no mesmo lugar. Leva efectivamente a uma experiência psicológica. A bateria passa a ser o centro do homem, uma espécie de "ritmocentrismo" em contínuo movimento e em constante polirritmia. João Pais Filipe não toca sozinho, acompanha-se pelos seus heterónimos em visitas simultâneas. Acrescenta aqui e ali pitadas sonoras com toda a sensibilidade necessária. Há uma estética orgânica e tribal conduzida por drones e overtones; misturados remetem para uma simbiose entre o Médio Oriente/África Negra e o experimentalismo electrónico minimal europeu.
Deixamos aqui o link do vídeo, realizado por Maria Mendes para o single XV, estreado no dia 1 de Abril. Boa viagem!
Deixamos aqui o link do vídeo, realizado por Maria Mendes para o single XV, estreado no dia 1 de Abril. Boa viagem!
Texto: Priscilla Fontoura
Álbum: Sun Oddly Quiet