sexta-feira, 1 de maio de 2020

Car Seat Headrest: Making A Door Less Open

Género: alternative, indie rock, psychedelic 
Álbum: Making a Door Less Open 
Data de Lançamento: 1 de Maio, 2020 
Editora: Matador Records 


Entramos pela porta entreaberta do novo disco da banda Car Seat Headrest e deparamo-nos com o casamento entre uma electrónica subtil e as guitarras desbragadas, intensamente melódicas de um indie rock arguto. 

Making a door less Open é o sucessor do muito aclamado Twin Fantasy de 2018 que elegemos como um dos melhores discos do ano no nosso site. 

O disco flirta de forma consciente com ritmos electrónicos, mantendo a raiz fortemente indie e rockeira do seu som característico. Além das peças indie, persiste um espaço sonoro para a experimentação erigida no tema introdutório, Weighlifters que principia com ritmos e beats de electrónica entrecortados por guitarras certeiras e vocalizações melódicas com uma entoação fluída e melódica. Lembramo-nos talvez de uns Talking Heads com guitarras bravas e um tom de vocalizações contagiante. 

Por esta altura, já estamos bem entrosados no universo de Car Seat Headrest. Quando começa o segundo tema, Can’t Cool me Down, deixamo-nos levar pelas linhas de baixo engenhosas e cativantes, aliadas a uma construção musical imprevisível e com junção de elementos inusitados, assim como uma dinâmica vocal que ondula com os caprichos magnetizantes da melodia. 


Liricamente, há viagens entre a introspecção e lugar para a sátira como no tema, Hollywood, em que se discorre sobre os enganos e tropeços no caminho para a fama e sucesso na tinsel town. O refrão parece dizer tudo quando se entoa Hollywood makes me wanna Puke repetido várias vezes ao longo da música, aliado a apontamentos de piano subtis, mas maníacos e parelhas de guitarras cheias de garra. 

Martin é talvez o tema com o cunho de single que teve também direito a um teledisco. É um que se inicia com um set de guitarras viciantes e um tom vocal que permanece na cabeça mesmo após o tema findar. 

Life Worth Missing e There must be more than blood são os dois temas que mais indiciam as inclinações quiçá progressivas de uma banda que não hesitou em desbravar novos domínios sem descurar as suas raízes indie. 

Exploratório, melódico, intrigante e imersivo são adjectivações plenas para um disco que alumia o cenário da música independente.

Texto: Cláudia Zafre
Álbum: Making A Door Less Open