Michael Hanneke: cineasta e argumentista austríaco nascido em 1942. O seu trabalho é marcado pela análise de problemas sociais e pela transmissão de sentimentos existenciais por indivíduos da sociedade moderna. O realizador distingue-se pelo olhar puro, contemplativo e profundo sobre a realidade, talvez devido à sua curiosidade por disciplinas como psicologia, filosofia e teatro, mais tarde estudadas na Universidade de Viena. Da sua lista de filmes constam co-produções com França, Alemanha e Reino Unido. Hanneke iniciou a sua carreira em televisão e teatro. Lecciona direcção de filmes na Universidade de Cinema de Viena. Os filmes que mais se destacam da sua filmografia são A Pianista, O Laço Branco, Funny Games e Amour. É tido como um realizador contracorrente perante o cinema mainstream americano, é, também, defensor acérrimo da identidade europeia. Aquando da recepção do prémio no festival de Malta, em Valeta, em 2012, com o seu filme Amour, o realizador manifestou a importância da preservação de uma identidade que não deve ser engolida pelo efeito da globalização.
Lembit Ulfsak: nascido pouco tempo depois de Hanneke, em 1947, foi um actor proeminente de palco e de filmes. Um dos filmes mais célebres da sua trajectória é o brilhante Tangerines, nomeado para o globo de ouro na categoria de melhor filme Estrangeiro (Estónia), durante a 87ª celebração dos Prémios da Academia. Tangerines acontece em pleno cenário de guerra, em 1992, entre as tensões étnicas entre abecásios e os georgianos que reclamavam pela independência da República da Geórgia. Margus e Ivo são as personagens principais, Margus decide ficar para cuidar da sua plantação de tangerinas, Ivo resolve perdurar no único lar que conhece. O resto da história fica reservado à curiosidade de quem o quiser visualizar.
"Os meus filmes insurgem-se contra o cinema fast-food norte-americano e a descapacitação do espectador. Eles são um apelo para um cinema de perguntas insistentes em vez de respostas falsas (falsas por serem rápidas demais), um apelo a um cinema que clarifica a distância ao invés de violar a proximidade, por um cinema da provocação e do diálogo ao invés do consumo e do consenso." - Michael Hanneke, "Film als Katharsis".
Michael Hanneke e Lembit Ulfsak
Texto, ideia e puzzle: Priscilla Fontoura