Género: alternative, experimental hip-hop, art pop, indie pop, math rock
Álbum: BRAT
Data de Lançamento: 3 de Abril, 2020
© Nnamdï |
Nnamdi Ogbonnaya é um músico prolífico e extremamente inventivo. Faz parte de inúmeras bandas e projectos, tais como Nervous Passager, Pisces at The animal fair, Ittō, Richard Def and The Mos Pryors, The Sooper Swag Project, Water House e Monobody.
É a solo que editou BRAT, um disco surpreendente e uma lufada de ar fresco no campo da música alternativa.
A capa não pode deixar de chamar a atenção mostrando Nnamdï sentado numa pose que evoca infantilidade, coroado por uma tiara que nada mais diz do que BRAT, um balão na mão e uma expressão contrafeita sublinhada por uma lágrima subtil colada na bochecha. É uma sátira e uma expressão de bonomia que caracteriza um disco dificilmente catalogável, havendo vislumbres de hip-hop experimental, art pop, math rock e R&B do mais alternativo possível.
O improvável e imprevisto começa automaticamente no primeiro tema, Flowers to my Demons, acompanhado numa rapsódia de guitarras acústicas, Nnamdï demonstra a versatilidade da sua voz suave e melódica. Liricamente, temos matéria críptica e fascinante que se alia à voz grave de Nnamdï e apontamentos vocais mais agudos que incorrem nalgum experimentalismo. O tema logo se desdobra em andamentos reminiscentes de um trip-hop subtil.
Gimme Gimme, além de estar carregado de uma crítica talvez social e sempre cáustica, é uma vertente mais pop e dançável do universo musical do músico. Refrães contagiantes com versos de um flow descontraído e com elevado senso musical dirigem o tema.
A toada Pop e R&B alternativo segue em grande compasso até ao tema Perfect In My Mind com devaneios de guitarra de inspiração jazzística que despontam num clima descontraído. O experimentalismo continua ao rubro.
Esta tendência é alimentada no seu expoente máximo no último tema do disco, Salut. Um tema harmonioso que se divide entre os ritmos saltitantes e descontraídos das guitarras e a voz de timbre delicado e grave de Nnamdï. A lírica aborda a transição de uma saudação para uma oração que clama pela possível visitação do Espírito Santo.
BRAT é o antónimo de previsível e contido. Floresce em ambiências variadas e aparentemente contrastantes. É pleno de melodias refrescantes e inusitadas, no melhor dos sentidos.
Texto: Cláudia Zafre
Álbum: BRAT