© Joni Mitchell |
Ai, como as décadas de '60 e '70 foram prolíficas artisticamente com as suas canções intemporais. Um dos álbuns mais emblemáticos da história da música folk norte-americana é o Blue de Roberta Joan aka Joni Mitchell. Um legado mais valioso que uma mansão de cinco assoalhadas, que - pela sua dimensão - não concede tempo para a conhecer com familiaridade. O mesmo acontece com o sucesso de artistas cuja vida é escrutinada pela arte que dão a conhecer, em detrimento de outras que ficam mais à sombra. Pois bem, Joni Mitchell, apelido que herdou do seu primeiro casamento com Chuck Mitchell, é conhecida pela sua voz sublime que se estende em duas oitavas e meia. Apesar de ter passado por contrariedades antes de alcançar fama, nomeadamente por falta de dinheiro e habitação, acabou - em desespero - por casar com Chuck Mitchell.
Joni Mitchell é exemplo de um músico que guarda na manga outros talentos. As paredes de sua casa estão preenchidas por quadros da sua autoria e escreve poemas desde tenra idade - as canções também são exemplo da sensibilidade poética como "Both Sides". Na entrevista à CBC Music, conduzida por Jian Ghomeshi, a canadiana confessa:
JG - Joni, és conhecida como a reclusa, concordas?
JM - Não. Como o David Geffen referenciou, Joni tu és a única pessoa que conheço que não almeja ser famosa. E eu realmente não queria isso. Eu sabia que a fama seria uma experiência horrível e é até te habituares a isso. Porque esse meio é um lugar mentalmente doente, cheio de celebridades. (...) Eu amo o processo criativo, mas não a ambição, nem promoção, nem entrevistas.
JG - Joni, és conhecida como a reclusa, concordas?
JM - Não. Como o David Geffen referenciou, Joni tu és a única pessoa que conheço que não almeja ser famosa. E eu realmente não queria isso. Eu sabia que a fama seria uma experiência horrível e é até te habituares a isso. Porque esse meio é um lugar mentalmente doente, cheio de celebridades. (...) Eu amo o processo criativo, mas não a ambição, nem promoção, nem entrevistas.
O poema de Joni Mitchell, escrito quando tinha 16 anos, "The Fish Bowl" aborda essa ideia:
The fish bowl is a world reversed
Where fishermen with hooks that
Dangle from the bottom up
Reel down their catch without a fight on gilded bait
Pike, pickerel, bass, the common fish
Ogle through distorting glass
See only glitter, glamour, gaiety
Fog up the bowl with lusty breath
Lunge towards the bait and miss and weep for fortunes lost
Oh, envy not the goldfish, my friends,
Though he be decked in golden garb and
Labors not for next repast but earns his keep by
Being merely beautiful
A pet to all the oglers
Who come and say "Look there! I do believe he winked his
Eye at me! Eye at me!"
As líricas de Joni são construídas por temáticas mais pessoais e autobiográficas (romantismo, confusão, desilusões e alegrias), e mais globais como a industrialização e a destruição da natureza. O trabalho visual de Joni é também muito respeitado pelos críticos. Ao longo das décadas a artista desenhou as capas dos seus álbuns. Auto-descreve-se como pintora descarrilada pelas circunstâncias. Os motivos perambulam por auto-retratos, retratos de outros músicos, tais como Bob Dylan (realizado na casa de Johnny Cash) e natureza. Apesar das técnicas se alterarem desde a década de 40 até aos dias de hoje, os traços livres naïf são a marca do seu trabalho. Pode-se também observar a referência à pintura Over the Town de Marc Chagall.
Dog eat Dog, © Joni Mitchell