O jazz sempre se impôs como uma força libertadora e independente não se circunscrevendo apenas ao universo musical e tendo sempre algo a dizer na sociedade. Os músicos jazz dos anos 50 e 60, não se limitavam a tocar para agradar audiências, internalizavam uma liberdade inata que os colocava num patamar independente de expressão autêntica. Músicos como Thelonious Monk foram uma força adjuvante ao movimento social da liberação afro-americana, apoiada em valores como o orgulho de raça, liberdade e uma criatividade incessante.
Considerado um dos fundadores do bebop, um género musical que revolucionou o jazz e foi plataforma para vários músicos jazz, Thelonious Monk tinha uma abordagem rítmica pouco convencional mas extremamente própria com solos que acabavam abruptamente, sendo dominados por um silêncio necessário e mágico, para depois retomarem de forma sincopada apenas como Thelonious conseguiu instituir.
Este documentário produzido por Clint Eastwood foi lançado em 1988, o mesmo ano em que Bird sobre Charlie Parker foi realizado por Eastwood. O documentário não se foca demasiado ou apenas na biografia de Thelonious, deixando a música falar por ele e para os fãs. Imagens de arquivo de actuações ao vivo e estúdio são intercaladas com algumas entrevistas de músicos e produtores que contactaram directamente com Thelonious.
Uma peça essencial para quem quer conhecer melhor e ouvir a música feita por este titã do jazz.
Texto: Cláudia Zafre
Imagem: Frames do documentário Thelonious Monk: Straight no Chaser