Singles – Tripe e Corte, do próximo álbum Nada Cénico
Género – Post / Art Rock
Banda – Malaboos
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Às vezes, quando não há nada, encontra-se mais do que se estaria à espera, como um deserto árido, que se afigura a uma paisagem infértil desprovida de tudo, mas, nesse mesmo lugar, pode imperar o refúgio e isolamento necessários para o descanso e distanciamento do caos humano; a verdade é que há sempre qualquer coisa, nem que seja um cacto com propriedades nutritivas para tempos de secura e enfraquecimento.
Não há nada aqui, na vida, na morte, assim é gritado no refrão do tema Corte que se mistura em rasgos de rock cáustico, causando um sentimento nihilista mas (surpreendentemente) bem disposto, levantado pela estrutura instrumental que remete aqui e acolá para riffs de guitarra à Turbonegro.
Neste possível deserto há inocência, vontade de fazer e continuar, sentem-se as emoções vindas dos 4 ventos, mesmo que venham com os cheiros e pós de histórias misturadas de outros lugares. Os Malaboos preparam-se para gravar o próximo álbum já com titulo definido: Nada Cénico, e antecipam o que podemos esperar dali com estes dois singles Trip(e) e Corte. O primeiro numa estrutura gradual e quase instrumental surpreende, perto do final, com a voz em tom desesperado:
O nosso amor morreu, o tempo passou, (...) o que fiz eu?
Nesta época pós digital em que se vive ainda muito da apresentação das press releases que tentam "vender o pão" como se de uma empresa tratasse, o sucesso é determinado pelas visualizações, feedback e representatividade que se tem na indústria da música, para nós não é essa a premissa que qualifica uma banda. Chamem-nos românticos, idealistas, assim seja até ao fim, a honestidade vale mais do que qualquer outro factor. Assim também sentimos que é a missão de Malaboos, fazer sem ligar muito à comercialização do produto.
© Imagem: @rodrisfootsteps, Rodrigo Fernandes |
Ficámos agradavelmente surpresos com estes dois
temas, e por isso desejamos ouvir Nada Cénico assim que for lançado, os dois temas de
avanço levam-nos aos ventos de Glassjaw e à fase inicial de Linda Martini. Aqui
fica a dica, isto é bom, ouçam!
Texto: Priscilla Fontoura