I was so confused by her.  By her naïveté mixed up with her worldliness,  by her beauty that was so unattended by vulnerability. The Knockou...

Alexandria: The Knockout Queen - Rufi Thorpe (2020)


I was so confused by her. 
By her naïveté mixed up with her worldliness, 
by her beauty that was so unattended by vulnerability.

The Knockout Queen, no mais recente romance de Rufi Thorpe entramos no mundo de Michael, um rapaz de sensibilidade arguta e sincera, que se vê a viver na cidade ficcional de North Shore, ainda dominada por preconceitos, dogmas e incidentes esporádicos de violência extrema, que ao contrastarem com a ambiência pacata e limpa da cidade, fazem com que esses actos pareçam ainda mais monstruosos. 

Michael, fruto de uma família disfuncional, pontuada por episódios de violência doméstica, vê-se à mercê do sistema, depois da sua mãe ser presa, e ter de ir viver para casa de uma tia em North Shore. É nessa cidade aparentemente incompreensível e aborrecida para Michael, que encontra Bunny, uma rapariga atlética e também ela proveniente de um seio familiar marcado pela tragédia. Bunny e Michael encontram vários pontos em comum e formam uma amizade intensa e marcante, que irá perdurar no imaginário de Michael mesmo quando se torna adulto. 

Além de retratar uma história de amor filial bastante peculiar, o romance aborda também questões pertinentes de género, sexualidade e o que motiva certos actos de violência extrema. Um livro que aborda um coming-of-age complexo, intenso e que nos agarra desde a primeira página à última. 


Ao ler, senti também reminiscências de dois outros romances que retratam ritos de passagem igualmente peculiares e fantásticos, como em Junk de Melvin Burgess e Middlesex de Jeffrey Eugenides. Uma boa leitura, não só para aficionados de ficção “coming-of-age”, mas para todos aqueles que gostam de um romance com um narrador cativante que nos guia por uma adolescência labiríntica como também sensitivamente excitante.

“Bunny,” I said, “judges don’t like violent women. I don’t know how to say this. My mom cut my dad superficially with a fruit knife and she got three years. If a man had done it, if it was just a regular domestic violence dispute and the woman who got stabbed, he probably wouldn’t have even seen the inside of a jail cell.”


Texto e sugestão: Cláudia Zafre