Álbum: Southern Lights
Banda: Holy Monitor
Lançamento: 26 de Fevereiro, 2021
Género: rock psicadélico, space rock
Vivem-se revivalismos e há almas que parecem ter nascido num tempo que não este. Os Holy Monitor são exemplo do retrocesso no tempo, pois quando os ouvimos entramos no portal dos setenta: coletes de franja caramelo, mangas longas e calças à boca de sino seriam o guarda-roupa perfeito para um teledisco retro para cartão de visita da banda. Entre paredes e labirintos, há um ser que vai ao encontro do centro do jardim e é surpreendido com um possível cenário Jodorowskiano.
Sounthern Lights é o terceiro álbum desta banda da capital da acrópole, cinco membros são o único cérebro de Holy Monitor. Os oito temas mergulham nas profundezas oceânicas, viajam entre centenas de ilhas para irem ao encontro das sereias que serpenteiam as suas caudas entre mares. River, Naked in the Rain, Blue Whale, Southern Lights, The Sky if Falling Down, Hourglass, Ocean Trail e Under the Sea são os temas de Sounthern Lights.
Naked in the Rain é inspirado no tema tradicional de Epiro e nos ritos frenéticos desencadeados por Baco. As vibrações do groove psicadélico selvagem e inebriante de Holy Monitor, provocadas pela beleza das paisagens sonoras elaboradamente esculpidas, levam os ouvintes a uma dança hedonística e louca para exorcizar a chuva e revoltarem-se contra a realidade. Este ritual báquico entre sol e chuva simboliza a necessidade humana de renascer, a perda extática de si mesmo, uma crítica provocativa da conformidade.
O quinteto de Atenas lançou o seu disco via Blackspin/Primitive Music, depois do Ep This Desert Land deveras aclamado pela crítica.
Holy Monitor é um colectivo space rock com composições que repetem riffs e beats com sensibilidade ambiental. Fundado em 2015 pelo guitarrista Stefanos Mitsi e pelo guitarrista/vocalista George Nikas para projecto apenas de estúdio, depois de gravar e lançar os EP's Golden Light e Aeolus, juntam-se ao colectivo Alex Bolpasis (baixo), Vangelis Mitsis (teclado) e Dimitris Doumouliakas (bateria) e começam a tocar ao vivo. O álbum de estreia foi lançado em 2017 via Blackspin Records/Primitive Music. Misturando ritmos kraut, vocais hipnóticos e riffs de guitarra pegajosos, a banda cria um ambiente de sentimentos de espaço cósmico, levando o público a um redemoinho sónico brilhante de oscilações psicadélicas. O segundo álbum II foi lançado em 2018 pela Blackspin Records/Primitive Music. A aplicação de novos elementos de psicadelia frenética e riffs motorizados elegantes conseguem construir um padrão kraut assimétrico rodeado de vibrações groovy imparáveis. Uma banda que cairia que nem uma luva no SonicBlast Moledo durante o crepúsculo.
O disco contou com o seu lançamento no mês passado, mas fica aqui a sugestão para escuta como também para quem quiser libertar o corpo e conhecer mais uma banda de rock-psicadélico.
Texto: Priscilla Fontoura