quarta-feira, 14 de julho de 2021

Crónicas do Rua: Cheiro Estranho


Um dia, eu e o Jorge Lima Barreto, tínhamos uma reunião na Gulbenkian-ACARTE, com a Drª Madalena Azeredo Perdigão, uma grande senhora, de uma vasta cultura; fomos levados ao seu escritório, cumprimentou-nos e perguntou se queríamos algo; respondemos que não (o JLB tinha estado a comer rissóis, chamuças e bolos de bacalhau, com um copo de vinho tinto, logo ao pequeno almoço); fomos falando sobre uma proposta de um Festival de Música Improvisada e ela diz: "Esperem aí que vou buscar a minha agenda, para marcarmos as datas do Festival"; nesse momento, logo que percebeu que ela tinha saído de vista, o JLB mandou um grande peido; de repente, ela volta para trás: "Afinal, a agenda está aqui, na secretária" e senta-se de novo; um cheiro nauseabundo invadia toda a sala; e o Jorge: "Está aqui um cheiro estranho, não acha Srª Drª?"; e ela: "Muito estranho mesmo, nunca vi nada assim"; e o Jorge: "Creio que deve ter a ver com o cheiro a mofo destes quadros antigos"; e ela: "Mas esses quadros estão aí há décadas"; e diz o Jorge: "Mas hoje está muita humidade"...


Texto e Imagem: Vítor Rua